Não existe dúvida a cerca do poder emotivo que evoca de cada quadro apresentado por O Campeão, sendo grande parte deste material referente a atuação honesta e completamente sincera do astro mirim Rick Schroder, que se entrega ao papel de forma magnífica, porém a personalidade um pouco duvidosa do diretor Franco Zeffirelli parece ter comprometido o trabalho, não em seu total lógico, mas arranhado uma pintura que teria tudo para se sagrar vitoriosa. O astro Jon Voight vive um personagem interessante, mas de caráter sem definição exata, o que atrapalha a relação de personagem com público através de empatia pelo mesmo. Agora quem se ergue como um dos melhores papéis do filme é sem dúvida a estonteante e sempre segura em sua atuação Fane Dunaway. A angústia que carrega em seus olhos a partir do distanciamento de seu filho, a reaproximação e a relação com seu ex-esposo, tudo em seu devido lugar é mostrado de forma esplêndida.
O personagem de Voight não é daqueles grandes heróis que são mostrados nestes tipos de filmes, aqui é um homem repleto de defeitos, principalmente quando envolve a bebida, as apostas e responsabilidades. Ao longo que a projeção avança, notamos o amor incondicional e quase irracional que seu filho sente pelo mesmo, o que não traduz aquela realidade sofrida e delicada. Mesmo passando por todas essas dificuldades psicológicas e problemas financeiros, o garoto ama de verdade seu pai, o que se mostra inicialmente maduro e emocionante, mas que mais a frente, após algumas passagens como a discussão na cadeia e alguns diálogos com a mãe de T.J., nos fazem crer que seu personagem Billy além de ser imperfeito, se mostra incapaz de produzir uma empatia segura a ponto que faça o telespectador torcer por ele, sentimento este que só é possível graças a atuação de Rick.
Zeffirelli perde 90% da duração do filme em momentos pouco inspirados passados em sua grande maioria nos arredores de um jóquei, sendo que o tema do filme que é boxe, quase nunca é comentado, e quando é feito, se mostra superficial demais. O diretor reserva para os 15 minutos finais os únicos resquícios deste esporte, tratando-o de forma pobre e sem criatividade, apresentando dificuldades em criar aquele contexto mágico e conturbado, além ainda de muitas passagens parecerem serem sugadas de Rocky, de 1976. As corridas de cavalo, um discurso sobre as tendências da moda e muitos outros exageros fazem deste modelo um quase sucesso, batendo na trave pela falta de emoção durante a projeção, restando apenas ao final, emocionar e cativar o público, com um discurso angustiante e doloroso de T.J. ao seu pai.
O Campeão é divertido, mas nunca deixa de ser frágil. Não possui a força necessária que o legitima ao longo de suas cenas e diálogos, o protagonista se mostra sem a empatia certa para levar o público consigo, papel este que fica a cargo apenas de seu filho com sua comovente e apaixonante interpretação. A persistência em se focar nas corridas e apostas de cavalos se mostra um erro terrível, escondendo a exuberância e o poder do boxe, que reservado aos minutos finais, a sensação que fica é a de obrigação por parte do diretor ao inserir tal esporte a fim de justificar e dar razão para passagens até então, totalmente encobertas pelos temas já levantados aqui. O Campeão tinha tudo para ser melhor e maior, embora alguns momentos o faça refletir e se emocionar de forma honesta a partir da amizade entre pai e filho que faz superar todas as dificuldades do mundo.
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