Esse exemplar típico dos drive-in da meia noite pode a princípio se mostrar um produto que dificilmente escapará do monte de porcarias que se produziam na época, munidos de orçamentos quase nulos, equipamentos e atores de segunda categoria, etc, mas está aqui uma das exceções. Não que seja algo que possa ser chamado de bom, mas que consegue com sua curta duração entreter e divertir, além de até mesmo levantar curiosidades.
As incoerências, claro, estão lá, como uma cabeça poder falar e respirar sem auxílio das cordas vocais e pulmão, (mas evidentemente que não se poderia cobrar nada a respeito), mas está em seu título o maior equívoco de todos. O cérebro passa a projeção toda implorando pra morrer, entrando em contraste com o sugestivo título. E toda a parafernália do laboratório do doutor e seu assistente maluco foram quase que inteiramente sugados de outros títulos anteriores, bem como o monstro escondido no armário, ficando difícil saber se foi uma homenagem ou falta de criatividade em levar às telas um personagem que visualmente é quase uma foto-cópia do Frankenstein.
Mas por outro lado, nota-se uma técnica mais apurada de direção, contando com planos variados que surpreendem pela criatividade em vários momentos, além da concepção do suspense que cresce dentro do laboratório, bem explorado por Joseph Green. O argumento do filme, com o protagonista sendo acusado de loucura ao tentar realizar transplantes de órgãos (como o de coração) e membros, pode ter causado arrepios nas plateias da época, mas que ao passar dos anos saturou-se completamente, em vista que nos dias atuais se tornou uma prática comum que salvam vidas diariamente.
Além disto, se deve ressaltar o humor negro presente no roteiro. Na busca de um corpo novinho em folha para a cabeça de sua amada, o doutor vai procurar nos confins de cabarés e desfiles de miss o corpo ideal, aliás, de bobo só a cara dele mesmo. E momentos como estes são impagáveis e salvam o filme da seriedade que muitas vezes irrita. Sem contar nos 'poderes' que a cabeça ganha não se sabe da onde, sendo capaz de se comunicar com o monstro preso atrás da porta e até comandá-lo(!) contra os responsáveis por toda aquela bagunça genética.
Por fim, O Cérebro que Não Queria Morrer consegue estar num degrau acima de outros títulos menores nesse subgênero desesperador de Hollywood, pois excetuando as bobagens costumeiras, sua narrativa contém lá seu charminho que nos mantém acordados e interessados para vermos o clímax derradeiro, mesmo que seja comum e decifrado com cinco minutos de projeção.
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