UM DOS FILMES MAIS DESNECESSÁRIOS DE TODOS OS TEMPOS
Quando li que iriam refilmar Enigma do Outro Mundo, clássico do mestre John Carpenter de 1982, quase tive um troço. E não foi de emoção não. Foi de indignação. Pior ainda ao descobrir que o diretor era estreante e que o filme seria uma prequel. Aí, meus amigos, já dava pra imaginar a bomba que estaria por vir. Realmente, a bomba chegou, mas eu não imaginava que seria da dimensão que foi. The Thing 2011 é uma das produções mais desnecessárias que eu já vi e até hoje não encontrei razões para ela existir.
O longa traz a apática musa dos nerds pré-adolescentes Mary Elizabeth Winstead no papel principal e aborda os fatos ocorridos no centro de pesquisa norueguês. Só aí já dá pra ver o tamanho da redundância do filme, pois filme de Carpenter deixava muito claro tudo o que havia acontecido ali, dada a riqueza de detalhes e o excelente trabalho de direção do mestre e da produção de Larry Franco. Mas calma. A coisa só piora com o decorrer do filme....
Além de um bando de noruegueses que praticamente só falam inglês e de uma de uma mais do que péssima ambientação (em nenhum momento o filme parece se passar em 1982), o filme apresenta uma absurda quantidade de personagens totalmente descartáveis que estão ali apenas para morrer mesmo, sendo que nem a protagonista desperta qualquer tipo de interesse de nossa parte. Apresentando uma atmosfera insossa, desprovida de qualquer tensão ou suspense e apresentando uma sequencia de mortes sem graça (uma pior do que a outra), o diretor Matthijs van Heijningen Jr. não conta uma estória, apenas filma o que acontece. Os efeitos especiais – grande aposta do filme – são demasiadamente artificiais e muito mal empregados, ficando anos-luz dos bonecos e robôs do filme original. É preciso salientar, contudo, que boa parte dos problemas dos efeitos especiais recai sobra a péssima iluminação do filme, incapaz de salientar os pontos fortes de cada cena e encobrir seus defeitos. Isso, além de evidenciar o contraste entre o CGI e os “atores” (sim, entre aspas), prejudica muito a ambientação, sendo quase impossível diferenciar tomadas internas de externas.
A péssima trilha do bom Marco Beltrami (Joy Ride, Hurt Locked) também não colabora em nada para a melhoria da apreciação do filme, sendo não só repetitiva, mas ruim de fato. Nem mesmo o uso da clássica música de Ennio Morricone, do filme original, foi bem empregado, passando a impressão de que foi levemente alterada. E para pior.
O ridículo roteiro possui mais furos que a máscara do Jason. Não explica, por exemplo, qual a função dos personagens na base. Fora os pilotos, quem cozinha? Quem é o médico? O responsável pela segurança? O comunicador? E por que diabos haveriam tantos americanos em uma base norueguesa? Não há pilotos de helicóptero na Noruega? Nem biólogos capacitados? Também não é dito como Lars, Peder e Olav escaparam daquela situação em que encontraram o OVNI. Ou ainda, porque ninguém ficou vigiando Carter e Jameson no galpão, sendo que todos desconfiavam deles. Como um ser insectóide pilotou a nave também não ganha explicação. E uma curiosidade: passar a mão nua num bloco de gelo daqueles não deveria arrancar a pele de James, ou pelo menos queimá-la? Acredito que sim. Além das tradicionais conveniências, como o lança-chamas falhar na hora “H”.
A tentativa de causar conflito entre os personagens falha por dois quesitos básicos: a inaptidão do diretor e a evidente falta de talento do elenco, embora Ulrich Thomsen não seja mau ator. A ineficácia do diretor no comendo de seu elenco e de suas cenas atinge o ápice na patética e ridiculamente longa cena da inspeção dentária. Não sei o que é mais difícil conter, o sono ou o riso.
A única coisa que realmente salva este filme do desastre total é a cena final que liga este com o filme de 82, mas isso qualquer um poderia fazer, já que era só reproduzir o que já estava pronto.
O Enigma do Outro Mundo 2011 é uma afronta ao cinema de Carpenter e deveria ser descartado por completo da existência. Mas um exemplo do terrível momento pelo qual passa a terra das doletas.
Não iria ver e depois de sua crítica caro Cristian, aí só quando eu estiver idoso e olhe lá...
Só assisti por causa da tal cena que interliga os filmes, que é bem bacana. Mas depois foi decepção total!!!!!