Orson Welles assina o roteiro, a direção e estrela esse clássico dos filmes noir que fez história pelo seu clímax chocante que está entre os mais memoráveis dos cinemas.
''O Estranho ainda que seja o filme menos conhecido do diretor, foi uma das primeiras e mais importantes obras sobre as perseguições de criminosos nazistas. E em 1946 onde os filmes noirs já haviam mostrado a sua força dentro do cinema, Welles consegue fazer com que seu filme de baixo orçamento acabasse se misturando com os outros representantes do gênero, como Interlúdio"
Começamos a acompanhar a vida de Charles Rankin (Welles), um professor de uma faculdade promissora de Conneticut. Ele está prestes a se casar com a filha do Juíz da Suprema Corte, linda e apaixonada por ele. Tudo parece está indo bem, até que o detetive Wilson (Edward G. Robinson) da Comissão de Crimes da Guerra, chega na cidade à procura do criminoso Nazista Franz Kindler. Com ele, chega também o único que pode identificar o Nazista pesoalmente: Meinike, que era seu comparsa nos trambiques da Guerra.
Vamos por etapa:
Meinike, comparsa do Nazista Kindler, estava preso. Sim, ele foi preso mas Kindler conseguiu escapar. A Comissão de Crimes da Guerra bola um plano: Vamos soltar Meinike afim de ele ir junto com o detetive até a cidade para ajudá-lo na busca pelo Criminoso. Ao chegar na cidade, Meinike consegue chegar a casa de Kindler, mas ele não estava. Sua mulher é quem o atende. Sem ter suas expectativas alcançadas, ele vai embora, e direto para a faculdade onde possivelmente encontraria Kindler. Finalmente os dois se encontram. Meinike tenta convencê-lo a se entregar, pregando algumas promessas Bíblicas. Sem dar ouvidos, Kindler literalmente o enforca, o mata e o enterra no terreno da faculdade. Kindler agora precisa se apressar pois está prestes a se casar com a filha do Juíz da Suprema Corte.
Não, não é coincidência. Kindler é o professor Charles. E não se preocupe, isso não é um Spoiller (Tem até na sinopse aqui do site). Depois que descobrem o assassinato, tudo parece desandar, pois o único que podia identificar o criminoso estava morto, e ao mesmo tempo se esclarecer, pois se o mataram, algum motivo teria. Kindler se infiltrou na cidade, passou a usar o nome Charles Rankin e ainda foi esperto, conseguiu a mão da filha do Juíz em casamento. Quem iria desconfiar do seu desfarçe?
O diferencial deste filme de Welles, é que já sabemos quem é o criminoso logo no início do filme. E a ''graça" aqui não é saber quem é o criminoso, ou esperar até o fim do filme para que este seja revelado, mas sim assistir todo o desenvolvimento da investigação. E Welles apesar de ser um diretor como poucos, também era um roterista de mão cheia. O Detetive Wilson, que agora estava sozinho, tinha de encontrar Kindler e ao mesmo tempo descobrir quem matou Meinike. Graças à algumas pistas, ele acaba descobrindo que está à procura de uma pessoa só.
Welles cria um roteiro totalmente misterioso, roteiro esse que foi indicado ao Oscar em 1947. Quando O detetive Wilson já tem todas as respostas nas mãos, o que resta agora é convencer a Recém esposa de Charles de que seu marido é um Nazista matador e criminoso. E ao mesmo tempo que Mary, a esposa (Loretta Young), é convencida da identidade do marido, mais pistas são encontradas. Então fica aquele corre corre. Todos já sabem, mas Mary, apaixonada, coitada, não quer acreditar. O que o Detetive irá fazer pra provar?? sim, porque não adiantaria falar, ela não acreditaria, então tinha que fazer com que ela descobrisse por si mesmo. E é ai, que o roteiro de Welles deixa o espectador fascinado ainda mais, pois todo esse mistério toma conta do filme deixando o espectador curioso, e instigado.
Ao chegar no fim da trajetória, que não vou entrar em detalhes pois isso sim seria um Spoiller terrível, somos surpreendidos por um clímax magnífico. E o que chama a atenção não é por ser um clímax revelador e final surpresa, pois como eu disse, desde o início do filme já ficamos sabendo de tudo, mas sim pelo impacto da cena, ou simplesmente pela genialidade do roteiro ao criar as situações que iremos presenciar. Enfim, mesmo que pouco lembrado, este é uma grande realização de Welles, um dos primeiros a abordar sobre a perseguição de criminosos nazistas, no período da Guerra, e por ser um dos representantes dos Clássicos Noir.
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