O MELHOR FILME DE TERROR DE TODOS OS TEMPOS É UM DOS MAIORES CLÁSSICOS DO CINEMA MODERNO.
A década de 70 foi muito importante para o cinema. Francis Ford Coppola fez história com seu O Poderoso Chefão e com Apocalyse Now. Robert De Niro e Al Paccino consagram-se como dois dos maiores astros de todos os tempos. Stanley Kubrick sacudiu a sociedade com seu Laranja Mecânica. Riddley Scott iniciu a franquia Alien - O Oitavo Passageiro, entre só pra citar alguns. Foi nessa época que William Friedkin (Operação França [The French Connection, 1971], Jade [idem, 1995] e 12 Homens e Uma Sentença [12 Angry Men, 1997]) realizou aquele que seria o melhor filme de terror de todos os tempos: O Exorcista (The Exorcist, 1973).
Indicado a 10 Oscars, nas categorias de Melhor Filme, Diretor (William Fredkin), Atriz (Ellen Burstyn), Atriz Coadjuvante (Linda Blair), Ator Coadjuvante (Jason Miller), Edição, Fotografia, Direção de Arte, Edição de Som e Roteiro Adaptado, levando a estatueta nas duas últimas, o filme que conta a estória da possessão da doce Regan McNeil (Linda Blair) pelo Diabo tornou-se um marco no cinema e não foi sequer equiparado até hoje, mesmo com todo avanço tecnológico e o crescimento dos fãs do gênero.
Quando todos os exames médicos, psicológicos e psiquiátricos falham ao tentar diagnosticar o estranho comportamento agressivo da outrora meiga e doce Regan, sua mãe, Chris McNeil (Ellen Burstyn) decide recorrer ao ritual de exorcismo, num ato desesperado para tentar salvar sua filha. Chris, então, pede ajuda ao Padre Demien Karras (Jason Miller), um padre formado em psiquiatria. Porém, a já abalada fé do Padre Karras esgotou-se com a recente perda de sua mãe e ele já não possui forças suficientes para enfrentar tal poder. Atentendo aos sussurros demoníacos da menina possuída, Chris e o Padre Karras recorrem ao experiente Padre Lankester Merrin (Max Von Sydow), que aparentemente conhece o possessor da garota, para realizar o exorcismo.
O clima tenso e sinistro toma conta da projeção desde o início. Méritos absolutos para a direção de Friedkin, que explora alguns movimentos de câmera (como ao filmar o Padre Karras descendo as escadas da residência dos McNeil) e planos muito bem pensados e trabalhados.
O elenco está irrepreensível, vide as indicações da academia. Jason Miller encorpora bem a dúvida e a fraqueza de Karras, seu sofrimento, dado o momento que vive. Buscar na psiquiatria explicações plausíveis para os acontecimentos simboliza sua total perda de fé, o que o torna uma presa fácil para o demônio. Eller Burstyn está convincente e comovente como mãe desesperada para livrar sua filha das garras do mal, sem pender para o dramalhão convencional, sustentando uma racionalidade em sua performance. Apesar de tão pouco tempo em cena, é sempre um prazer assistir Max Von Sydow e toda sua elegância na tela. A presença forte e marcante do ator, aliado à seu inegável telento, é lógico, dá ao Padre Merrin toda a imponência que se propunha para o personagem. Porém, não há como discordar que o filme é da surpriendente Linda Blair. A menina desempenha uma das melhores interpretações já vistas, só não levando um Oscar para casa por que, nas cenas de possessão, sua voz foi dublada por uma outra atriz, para dar um tom mais obscuro. Mas isso não passa de um detalhe. O olhar da menina, a naturalidade com que profere diálogos pesados e pratica atos indecentes, assim como conduz com maestria as cenas de tensão, são para aplaudir de pé. Sua expressão, o impaciente bater de dedos ao notar a água benta na mão de Karras, são esses detelhes que enriquecem ainda mais o maravilhoso trabalho da atriz. E a maquiagem só enaltece tamanho esmero na obra. É quase impossível perceber que há uma menina debaixo daquele rosto aterrorizante. Cabelos, dentes, unhas, olhos, pele, tudo feito com o maior carinho.
A clássica trilha sonora dá o tom da narrativa nos momentos exatos e na medida certa, assim como a ausência dela deixa certos momentos angustiantes.
Além de ser o melhor filme de terror de todos os tempos (a cena do sonho do padre Karras com sua mãe, e a primeira cena de ritual na presença do Padre Merrin, onde uma imagem de um rosto diabólico surge em um flash na tela são de gelar a espinha), O Exorcista é também um dos melhores filmes já feitos no cinema, devido a qualidade da obra em geral, como produto cinematográfico, sua dramaticidade, seu apuro técnico e seu roteiro sem pontas soltas. Pena que as seqüências ficaram tão abaixo do original, não havendo o menor sentido para sua existência. Uma versão remasterizada com cenas extras foi lançada em 2003 em comemoração aos 30 anos da obra. Dentre essas cenas, destaque para a cena de Regan descendo a escada na posição da ponte, como se fosse uma aranha.
Se foi ou não baseado em um fato verídico (que teria acontecido com um menino), pouco importa, pois o filme é assustador e ponto. E não só assustador. O filme é bom e ponto.
Belíssima critica!
Um dos meus filmes preferidos de todos os tempos! Toda a parte técnica é impecável.
O filme não é um filme de terror somente, possui muito drama em torno o livro é fantástico já o li duas vezes...
Muito obrigado, Lucas. Cara, sou muito fã do Friedkin. Me provou que até um filme de terror pode ser um grande filme.