Depois de muito tempo tomei coragem para finalmente assistir Exterminador do Futuro a Salvação (obviamente esse é um daqueles filmes que se você não vê no embalo do hype as chances de querer ver depois são mínimas. Quanto ao Genesys ainda não tenho coragem para tanto). Antes resolvi rever o primeiro exterminador (aproveitando que ambos estão no Netflix). Comparando os dois filmes é possível perceber nitidamente como um diretor faz diferença.
Do lado direito do ringue temos James Cameron que dispensa apresentações (mas se deu um branco repentino deixo aqui uma dica: Titanic) e do outro lado o desafiante McG, cujo grande destaque foi dirigir os dois as Panteras (só esse nome em sigla dele já é um sete a um). O mais incrível é que a Salvação não é um completo desastre, mas é um filme qualquer. Sabe aquele filme que você assiste e quando acaba já não lembra o nome de mais ninguém, pois é. Quanto ao Exterminador clássico, bom, só posso dizer que passados pouco mais de 30 anos ainda estamos falando dele. Agora compare comigo:
O primeiro filme foi lançado em 84, o segundo em 2009 (considere que um dos grandes atrativos em ambos são os efeitos especiais). O orçamento do primeiro foi 6,5 milhões de dólares contra 200 milhões do segundo. Cameron construiu um arco com dois personagens principais e um vilão. McG usa da mesma estrutura: exterminador, protetor e alvo, mas adiciona um monte de coadjuvantes. Dai você começa a perceber a diferença que faz saber conduzir um roteiro. O hoje experiente diretor ensina por A mais B como menos pode ser mais.
Enquanto o primeiro fazia com que as cenas de ação existissem em função do roteiro o segundo inverte essa lógica. No filme mais recente os personagens, cenários e diálogos existem apenas como gatilhos para detonarem cenas de explosão, tiros e destruição. Com Cameron a coisa era diferente. Em duas cenas simples como a primeira aparição do exterminador e logo em seguida a de Reese (assim como, John, Sarah e Skynet, nomes que não dá para esquecer) é possível ver o cuidado em trabalhar o enredo. Só pela forma com que ambos chegam e o primeiro contato com outras pessoas já é possível identificar, herói, vilão, humano e maquina. Mesmo quando McG apela para o fan service e tenta copiar/homenagear Cameron o resultado é desprovido de sentido, soa falso. Com destaque para a cena que a mulher tenta se proteger do frio abraçando seu protetor, assim como rolou com Sarah e Kyle no original.
Depois do soar do gongo a decisão é rápida e unanime: O filme original leva de levada essa. Centrado e sabendo do que precisava para ganhar foi fácil se defender das firulas e excessos do novato. É fácil perceber a diferença entre um diretor, na época um novato, que acreditava em uma ideia e um estúdio louco para faturar milhões ao consolidar uma franquia. O mais irônico (tão irônico como o subtítulo deste filme) é ver o resultado de ambos. Duvido que naquela época James Cameron imaginasse estar dando vida a uma das maiores franquias de ficção cientifica do cinema a mesma que os engravatados de estúdio ajudaram a enterrar com o que pensaram ser a Salvação.
O filme cumpre minimamente o objetivo de apresentar algo novo a série, mesmo sendo algo descartável para os mais fãs. Belo texto. Parabéns.
Ps: "esse nome em sigla dele já é um sete a um. Não tem como não rir.