O Golpista do Ano, um filme que à primeira vista seria mais uma comédia de Jim Carrey com algum toque preconceituoso de homossexualismo, se mostra mais do que isso. É um filme “multi-gêneros”: uma mistura de comédia (na parte da mudança de vida de Steven Russel – persongem de Jim Carrey), drama policial com um toque de sarcasmo e humor negro (na parte dos golpes que Steven aplica para sustentar sua vida e seus caprichos), romance (na parte da história de Steven e Phillip Morris – personagem de Ewan McGregor) e, inclusive, drama (nas partes em que Steven é capturado pela polícia e outra que não quero revelar para não gerar um grande spoiler). Tudo isso misturado com um final surpreendente. Tal história realmente, aconteceu e, isso faz com que o filme se torne mais interessante.
O filme, na minha opinião, é cheio de altos e baixos. Como os “altos”, ou seja, as virtudes do filme estão as atuações dos atores principais, Ewan McGregor se sai um pouco melhor que Jim Carrey mas ambos estão ótimos. Além disso, é preciso destacar a trilha sonora que, mesmo simples, combina com o filme. Outra virtude é a certa leveza com que o filme trata de dois assuntos polêmicos: o relacionamento homossexual e a AIDS. Talvez essa leveza venha do fato de que o filme não se preocupa com a questão do preconceito.
De início, o filme se compromete a mostrar três assuntos: a mudança de opção sexual de Steven, os golpes dados por ele e seu romance com Phillip Morris, porém, seu foco são os golpes que, de fato, são a melhor parte do filme, e apesar disso, se torna repetitivo e deixa de ser engraçado, para tentar se tornar um típico e simples filme sobre golpes (como Onze Homens e um Segredo, por exemplo) o que, nesse caso, é ruim pois fica “em cima” do muro, deixa de ser comédia e não consegue seu objetivo. Talvez isso não seja culpa do roteiro ou da direção, talvez seja um defeito da história propriamente dita.
Sim, há cenas de sexo explícito e beijo entre homens, tal fato faz com que as pessoas mais conservadoras e até mesmo as que não estão tão acostumadas com a homossexualidade estranham o filme. De fato, a coragem dos diretores de mostrar tais cenas é admirável, reforça as habilidades dos atores e a homossexualidade dos personagens, mas é apenas isso. Os diretores poderiam ter arranjado um outro jeito de mostrar isso, de uma maneira mais engraçada, inclusive.
São poucas as tiradas cômicas de conotação sexual que me fazem rir. Uma pena que o filme foque justamente nessas. Seria muito melhor se usasse de um humor mais inteligente e se continuasse com as tiradas sarcásticas (o que mais me fez rir).
Em resumo, fica a imagem de um filme diferente. É sobre gays, mais não está preocupado com a questão do preconceito. Possui um enredo interessante, mas talvez, a história deixe um pouco a desejar. Possui ótimas atuações, personagens bem construídos e uma simples e eficiente trilha sonora, mas comigo o filme não funcionou, parece que falta algo para situá-lo, pois mistura vários gêneros sem conseguir se aprofundar em um.
Ou seja o filme poderia ser melhor, mas mesmo assim, conseguiu me divertir e dar algumas risadas. O final, com certeza, me surpreendeu, mas o filme como um todo não conseguiu me levar a catarse como outros filmes de múltiplos gêneros, como Little Miss Sunshine, (Pequena Miss Sunshine) por exemplo.
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