Em 2005 conheci Bennett Miller através do excelente "Capote". Quando assisti sua próxima fita, percebi e ainda percebo certo preconceito de críticos e pessoas do nosso país que marginalizam e descriminam determinados filmes de esportes que por vezes não faz sucesso ou não é conhecido no Brasil como por exemplo o ótimo "Somos Marshall". Notei isso também com 'Moneyball', mas afirmo a fita é uma excelente pedida...
Na verdade, "O Homem que mudou o Jogo" não é sobre baseball é sobre um homem que através de seu empenho em transformar uma realidade injusta encontrou junto com um colega de trabalho a formula “matemática” do sucesso, ou seja, é uma imersão ao inconsciente de um ser humano obcecado pelos seus princípios. Tanto é que o filme é praticamente todo focado no protagonista Billy Beane suas inseguranças, seus medos enfim é uma visão psicológica desse homem.
O filme conta a extraordinária façanha verídica alcançada pelo gerente do Oakland Athletics e seu gênio particular Peter Brand (Jonah Hill). Os dois juntos resgataram o time de um buraco do qual não parecia haver saída, o catapultando para os anais da história do beisebol americano. O resultado alcançado foi devido a um elaborado método de estatísticas criado principalmente por Brand, que ao que parece, descobriu a 'Matrix' por trás do jogo transformando tudo em números, dados e informações que levariam o time a muitas e muitas vitórias.
Mas o caminho foi árduo. A imprensa detonava com o novo time, montado basicamente nos conceitos do recente método adotado, ou seja, eram escolhas duvidosas que praticamente assustavam os torcedores e causavam gargalhadas nos demais. E com esse espírito de desrespeito continuo temos então o satisfatório efeito “David e Golias”, mas isso realmente demora a acontecer, o resultado, tanto no campeonato de 2002 como no filme, demora a chegar...
A frase que abre o filme, "é inacreditável o quanto você não sabe do jogo que tem jogado a vida toda", é certeira ao relacionar a existência dos personagens dentro e fora de campo. Tema comum a vários filmes contemporâneos, o do profissional que deixa sua família e amigos em segundo plano, buscando a excelência no que o define como pessoa, como vencedor, é o dilema de Billy Beane. Ou melhor, o não-dilema, já que ele fez as pazes com quem ele é, só é incapaz de aceitar que seu time jamais será o melhor com as ferramentas de que dispõe. O confronto entre o velho e o novo, a necessidade de mudança não apenas estrutural, mas pessoal, a que ele deve submeter o time e a si mesmo são parte do processo de superação de que trata o filme...
O diretor Bennett Miller (Capote), faz um filme bem interessante usando o esporte como pano de fundo, o jogo de imagens contrastando as cenas do filme com as imagens reais dão um tom documental a narrativa, elevando seu tom cru e duro, no sentido mais positivo da palavra. A quebra das cenas com cortes rápidos para as imagens “reais” faz parecer que tudo foi categoricamente feito pensando no filme, mesmo que ali tenha acontecido de verdade. Miller conseguiu usar esse efeito em boa parte do filme, sem torná-lo maçante...
O roteiro de Steven Zaillian e o mago Aaron Sorkin (vencedor do Oscar por 'A Rede Social'), baseado em livro de não-ficção de Michael Lewis é ótimo à exceção de uma subtrama familiar de Beane com a ex-esposa e a filha, que é mal-desenvolvida mas que não compromete. Os diálogos, por sua vez, são excelentes e há momentos memoráveis, como a conversa entre Beane e o rebatedor David Justice no centro de treinamento. Temos longas cenas filmadas de forma crua, com atores que se envolvem de corpo e alma na composição, uma tarefa que até parece fácil mediante a naturalidade oferecida pelo texto, que em nenhum momento tenta soar emblemático ou retumbante, muito pelo contrário, a falta de sentimento em certos momentos faz da experiência uma viagem extremamente realista. A montagem genial de Christopher Tellefsen, as já citadas mescladas cenas reais com ficcionais é o grande triunfo para dar o ritmo perfeito para a narrativa.
Para dar vida a Billy Beane temos Brad Pitt novamente dando um show de interpretação, o tom perfeito do homem que na frente da família e dos funcionários se mostra forte e seguro de si, contrapõem-se nos momentos de solidão, mostrando um homem frágil e perturbado pelos pensamentos do passado que o perseguem constantemente. Na minha modesta opinião ele merecia mais o Oscar do que Jean Dujardin em 2012, mas fazer o que? A grande surpresa é o sempre cômico Jonah Hill interpretando um personagem totalmente diferente de tudo o que ele já tinha feito na carreira até ali. Sua composição de Peter Brand foi tão boa que ele também recebeu um indicação ao Oscar na categoria de Melhor Ator Coadjuvante.
O longa é feito para exaltar a imagem de Billy Bane, que pode ser considerado um dos maiores vencedores morais deste esporte. Já Peter Brand aparece como um elemento de natureza numérica, que ama o jogo acima de tudo e se satisfaz com os pequenos milagres que podem ser realizados no tão amado 'baseball diamante'. Um filme que realmente fica na mente após as sessão...
Se alguém ainda duvida do talento de Pitt, me desculpe, mas nada entenda de cinema. Parabéns, Lucas.
Exatamente caro Cristian, Pitt já demonstrou a tempos que não é só um rosto bonito...
Mais uma vez, obrigado...
Kkkk, Brad Pitt quase canastrão, e falar que esse filme é bom traz sérios indícios que a pessoa ou tem mau gosto ou não entende de cinema, ou os dois.
Haha, David de Almeida (Vulgo Aviões do Forró) ao lado do Katz o maior troll e fanfarrão do cineplayers...