“Nerio Winch é encontrado afogado próximo ao seu iate. Uma morte que levanta suspeitas, ainda que existam indícios que se tratou de algo normal. Trata-se de uma das maiores fortunas do planeta. Um milionário que não possui herdeiros. Quem irá herdar tudo? Eis que aparece a grande cartada do falecido. Sem que ninguém soubesse ele adotara trinta anos antes um órfão bósnio. Um certo Largo, que no instante em que o mundo o busca, encontra-se preso em uma prisão no Mato Grosso – Brasil sob a acusação de tráfico de drogas. A morte e a prisão não fariam parte de um complô visando a alguém tomar o controle do Império Winch?”
Experiência interessante assistir a um blockbuster europeu. Aliás, para nos situarmos dentro da filmografia mundial, ele nos remete muito a James Bond: A ação se desenrola ao redor do mundo, optando-se por locais onde o exótico selvagem surge, casting internacional, uma Largo Winch Girl bela e enigmática (ainda que em sua primeira aparição a peruca que utiliza soe ridícula), manobras inteligentes dos inescrupulosos e de pedras de um quebra-cabeça ou partes de um vitral que se espalham pelo mundo.
Contudo seria muito simplista amalgamá-lo a Bond. Em Bond não existe o uso insistente de flashbacks que impõe a obra uma dimensão mais profunda na construção dos personagens (ainda que em 007 os vilões e os personagens secundários muitas vezes roubem a cena). Esse mergulho no passado torna a figura de Nerio muitas vezes o mestre de cerimônias do que vemos, a chave do enigma que não mais se encontra presente fisicamente, mas que parece direcionar toda a trama (Note que Largo é despertado nas águas sob as suas ordens). As interpretações secundárias enchem os olhos. O destaque é o ator Miki Manojlovic que dota de uma veracidade fantástica o milionário Nerio Winch. Comedido, sempre compenetrado, o ator praticamente rouba a cena quando surge. Impecável também Kristin Scott Thomas que cria Ann Fergusson, uma executiva fria e objetiva. Freddy, o segurança/amigo/conselheiro de Largo é vivido por Gilbert Melki que dá ao personagem a necessária dubiedade que confunde quem assiste. Menção honrosa para a bela e talentosa Melanie Thierry.
O grande problema para que tal obra decole é justamente sua maior virtude. Acostumados que estamos com os filmes de Bond, não parecemos dispostos a mergulhar em um mise-em-scène mais comedido. As cenas de ação não são tão rápidas e fugazes como nos filmes do espião inglês. Elas são mais próximas de um real. E infelizmente quem procura filmes como esse não prima por ver o real (ainda que sutil) na tela. Um filme para se conhecer e se comparar com o que é produzido pela indústria americana.
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