"Ahmad, o califa de Bagdá tem seu trono usurpado pelo seu grande Vizir, o Feiticeiro Jaffar. Nas masmorras onde é atirado ele faz amizade com Abou, um insignificante ladrão de Bagdá que o ajuda a escapar."
De todas as obras adaptadas das Mil e uma noites (livro que eu não li, mas que conheci várias histórias recontadas em várias obras) a que mais me toca fundo é a composta por Nikolai Rimsky-Korsakov (Scheherazade - uma suíte sinfônica - talvez sua obra mais divulgada). Quando a ouço logo me transporto para aquele ambiente onírico que vive no imaginário de todos. Essa influência também se faz sentir em obras de Malba Tahan(Júlio César de Melo e Sousa)que bebeu nas fontes desse livro milenar para construir uma obra sólida.
Era lógico que tal obra também iria ganhar as telas do cinema. Talvez o filme que melhor êxito obteve foi esse que retratou tão bem aquele mundo de sonhos de um passado distante.
Acho que nossos avôs devem ter ficado maravilhados na época de seu lançamento. A parte técnica e o visual soam até hoje deslumbrantes. As cores são cintilantes, os cenários suntuosos e os efeitos especiais de incrustação funcionam a mil maravilhas.
A direção visa surpreender o expectador oferecendo constantemente saltos que o levam a cenas inimagináveis e mágicas.
Oficialmente o filme possui 3 diretores: Ludwig Berger, Michael Powell, Tim Whelan. Eis aqui um dos pontos que me perturba. Some-se a eles pelo menos mais três: Alexander Korda(o produtor), Zoltan Korda e William Cameron Menzies. Um filme acéfalo, dirão alguns. Ledo engano.
O que vemos na tela é um amalgamar de inusitadas cenas. A história simples serve apenas para destacar esse belo espetáculo visual. Mas não se trata de um filme sem charme. Sabu está adorável e Conradt Veidt dá credibilidade ao vilão. Tivessem os filmes de hoje, esses blockbuster, um pouco da magia desses filmes retro, ingênuos, mas cativantes a magia do cinema permaneceria acesa.
Tenho por mim que nem a tecnologia de hoje conseguiria recontar a singela história de maneira mais eficiente. Técnica possuímos, mas carecemos daquele olhar onírico. Olhar esse que esquecemos no passado. A história singela exigia um costurar de cenas de quem assistia. Tal qual o King Kong de 1933. Uma cumplicidade que a tecnologia parece ter varrido para longe de nossa geração. E que obra como essa insistem em lembrar. Vale a pena sermos avôs por algumas horas e curtirmos a magia de outrora. Esse é o maior prazer que um filme como esse proporciona.
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