Sabotage, ING,1936. Direção: Alfred Hitchcock. Elenco: Sylvia Sydney (Sylvia), Oskar Homolka (Sr. Verloc), John Loder (Sargento Ted Spenser), Desmond Tester (Stevie), Joyce Barbour (Renee), Matthew Boulton (Superintendente Talbot),
O dono de um cinema que não anda muito bem financeiramente, aceita trabalhos de sabotador para conseguir manter o negócio. Ele mora com uma bela mulher e o irmão adolescente dela. Um detetive finge trabalhar em uma quitanda em frente para poder vigiar as atitudes suspeitas do homem, e começa a se envolver, sentimentalmente, com a esposa dele
Com roteiro de Charles Benett, Ian Hay e Helen Simpson, baseado no romance “The Secret Agent”, de Joseph Conrad, o filme recebeu, originalmente, o título “Sabotage”, com a finalidade de evitar confusão com outro filme do diretor, chamado: “Agente Secreto”, lançado no mesmo ano.
No Brasil, inicialmente, o filme foi batizado como “O Marido Era o Culpado”. Uma idiotice que afastou o público, que não queria ver um filme em que o mistério era revelado pela má escolha de um título nacional. Realmente, a escolha foi péssima, mas não por revelar algo que já não estivesse sendo mostrado desde o início da trama: o fato de o dono do cinema (vivido por Oscar Homolka) ser um sabotador. Essa era a intenção do diretor, já que não se tratava de um filme de mistério, e sim de suspense, onde o conhecimento de tal fato pelo espectador, ajudava na criação do clima. Logo em seguida, o título foi alterado pela tradução literal do original.
É um bom filme, com bom ritmo, bons diálogos, compensando a pouca ação, e com um ótimo desenvolvimento dos personagens. Este traz uma das tramas mais pesadas dentre os trabalhos da fase inglesa do diretor.
Hitchcock declarou não incluir este entre os seus filmes preferidos, principalmente por não ter gostado do personagem do detetive, que achou desinteressante e mal interpretado pelo ator John Loder, e disse também, mais tarde, que se arrependeu de ter filmado a cena do bonde, que, pelo contrário, é uma cena necessária para o desenrolar da trama, considerada pela crítica cinematográfica em geral, como uma cena muito bem montada, tensa e bem escrita, uma das mais bem lembradas do filme, por seu desfecho inesperado.
Curiosidades: A atriz Sylvia Sydney, que faz a esposa do sabotador, fez sucesso mais tarde como a personagem Juno, de “Os Fantasmas se Divertem” (1988), e atuou também em “Marte Ataca” (1996), ambos dirigidos por Tim Burton. O ator Oscar Homolka, que faz o sabotador, pode ser visto também nos filmes “O Pecado Mora ao Lado” (1955), de Billy Wilder, e “Mr. Sardonicus” (1961), de William Castle. O diretor aparece em cena aos nove minutos de projeção, passando pela porta do cinema, vestindo sobretudo e chapéu, no momento em que interrompe-se o black-out, e a bilheteira do cinema fecha o guichê, cancelando a devolução dos ingressos.
A edição nacional em DVD, pela Continental Filmes, traz a imagem em preto-e-branco, com som Dolby Digital mono (em inglês). Inclui biofilmografias, galeria Hitchcock (fotos do diretor), pôsteres do filme e outros lançamentos da distribuidora. 75 minutos.
Realmente há algo nesse filme que não nos pega como os demais do Hitch. Não se é algo atribuído à péssima tradução nacional ou ao visível e confesso desinteresse do diretor para com grande parte do material, mas é um filme a parte na brilhante filmografia do mestre.