O Massacre da Serra Elétrica foi o precursor de uma vanguarda de obras do gênero terror, que radicalizaram e chocaram toda uma época pelo grau de veracidade e frieza com o qual expunham as cenas de conteúdo violento. De modo que, além de ter sido uma fonte de inspiração para outros inúmeros trabalhos, esse tipo de terror mais visceral, sádico e independente promovido por O Massacre da Serra Elétrica, atraia e muito o interesse do público, fazendo com que, uma obra que tinha tudo para ser esquecida no anonimato, tornasse um sucesso fenomenal.
Tobe Hopper (Poltergeist - O Fenômeno; Pague Para Entrar, Reze Para Sair) utiliza da verídica história do homicida Ed Gein, um psicopata que ao assassinar suas vítimas, fazia troféus e souvenires com estes, para elaborar sua própria narrativa. Dessa forma, não poderia ser diferente o impacto que este filme causou, e mesmo passadas décadas desde seu lançamento, o filme continua a conferir ao público uma marca aterrorizante. O Massacre da Serra Elétrica foi uma produção de custo baixíssimo, feito apenas pela vontade de amedrontar e nausear o espectador, no fim, essas metas pequenas foram acobertadas por algo que provocava tensão, promovia o horror e assustava pela sua frieza gráfica.
Antes de Michael Myers, Jason Voorhees e Freddy Krueger marcarem uma saga de horror nas telas de cinema, o doentio Leatherface, com sua máscara construída a partir de pele humana, abusava da violência para dar início a um massacre que entraria para a história. A trama de O Massacre da Serra Elétrica apareceu e foi vendida como um caso real, sendo que na verdade esta obra é apenas inspirada nos assassinatos ministrados por Ed Gein, mas isso pouco importou naquela época, pois, sendo real ou não, a estória que o filme de Hooper apresentou conseguiu transtornar o público de maneira visual e psicológica, como poucos filmes de horror ousaram em fazer.
A trama de O Massacre da Serra Elétrica é simples, entretanto esse roteiro plano foi o necessário para dar lugar a imagens extremas, que embora aparentassem o intuito apenas de chocar o público, deram lugar a uma evolução nos filmes de horror, que a partir dessa obra tornavam-se mais violentos e despudorados. O filme narra a trajetória de um grupo de jovens que, durante um fatídico dia, acabam por ir parar numa casa misteriosa, onde lá habita uma família de personagens sádicos e doentios, que resolvem vitimá-los como animais prontos para o abate, sendo o filho caçula daquela casa o responsável pelos pesadelos destes jovens, perseguindo-os e matando-os com uma serra elétrica como arma principal.
A partir desse roteiro simplório, Hooper constrói uma atmosfera intensa, que nada deve a outros clássicos do terror, permanecendo competente em gerar tensão até hoje, provando que seu impacto não se resumiu em apenas uma década. Entretanto, da mesma maneira que a passagem do tempo auxiliou em seu status, também danificou seu nível de tensão, pois em algumas cenas importantes o humor involuntário prevalece, extraindo o baque que estas viriam a causar no espectador.
Ainda sim, O Massacre da Serra Elétrica é um filme que merece todo respeito por sua coragem e ousadia de inovar dentro de seu próprio gênero, pois ainda que não seja totalmente original, estamos falando de um horror em seu molde autêntico e genuíno, que ainda faz juz ao sucesso e culto que recebeu ao longo dos anos, sendo assim, uma grande e recomendada pedida não apenas aos amantes do gênero terror, mas do próprio cinema em si.
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