selva de pedra, menino microscópico
aos olhos de uma criança de interior de um país inspirado no brasil mas que se encaixa perfeitamente em qualquer território subdesenvolvido ou em vias de desenvolvimento acompanhamos a triste mudança do seu pai para melhores condições de vida num local inimaginável. seu destino, porem, era traçado pelos mesmos atos, e numa espécie de regressão, o menino ao retornar a casa, relembra a trajetória da sua vida e busca pelo pai ambientado num pais em vias de desenvolvimento e suas caóticas consequências (como os sub-empregos, as favelas e a destruição ambiental e a terrível repressão da ditadura) enxergados de forma totalmente lúdica.
o filme é onírico e diz muito, mesmo sem ter falas inteligíveis e retrata criticamente o sistema, paradoxalmente de forma leve e contundente, mesmo que por vezes cometa excessos (o cinema brasileiro não dosa muito a crítica social )
uma animação que infelizmente não levou o óscar mas que contribuiu muito para a história do cinema social.
ps: uma das cenas mais fortes do filme é quando o menino pensa ter reencontrado o pai descendo da plataforma de trem, mas na verdade só era mais um dos que migram. lembrou-me muito o primeiro poema de ''morte e vida severina'' de joão Cabral de Melo Neto:
'' O meu nome é Severino,
como não tenho outro de pia.
Como há muitos Severinos,
que é santo de romaria,
deram então de me chamar
Severino de Maria;
como há muitos Severinos
com mães chamadas Maria,
fiquei sendo o da Maria
do finado Zacarias.{...}''
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