Este comentário é recomendado pela equipe Cineplayers.
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"O Mistério do Relógio na Parede" é um filme indeciso. Ao mesmo tempo em que busca flertar com temáticas de horror e suspense, tornando-se por vezes até inadequado para crianças muito pequenas, também trata-se de obra bastante infantil. Embora tenha elementos para se tornar uma fábula interessante sobre medo e coragem, este objetivo não se concretiza e a produção revela-se repleta de problemas estruturais.
Lewis (Owen Vaccaro), de apenas 10 anos, acaba de perder os pais e vai morar em Michigan com o tio Jonathan Barnavelt (Jack Black). O que o jovem não tem ideia é que seu tio e a vizinha da casa ao lado, Sra. Zimmerman (Cate Blanchett), são, na verdade, feiticeiros. A partir daí, gera-se uma trama com certas reviravoltas que incluem até renascimento de mortos.
O grande problema do longa-metragem é a direção de Eli Roth, dos péssimos dois primeiros filmes da franquia "O Albergue". Ele repete os mesmos equívocos cometidos nos filmes de terror que comandou, estes que mais pareciam um jogo sádico sem a criação de um clima que desse sustentação às obras. Em "O Mistério do Relógio na Parede", Roth parece incapaz de criar um tom de risco e perigo numa narrativa que dependia disso para funcionar. Ele chega a perder seu tempo com momentos de humor que, além de não serem eficazes, só servem para destruir qualquer possibilidade de tensão.
O roteiro de Erin Kripke também é problemático e mal costurado. O desenrolar da história fica devendo uma amarração melhor entre os três atos, embora o ritmo seja até moderadamente agradável de ser acompanhado. A incursão do vilão e das reviravoltas são exemplos de como o roteiro é mal desenvolvido. Para piorar, algumas participações especiais soam deslocadas, caso da mãe do protagonista e da própria dupla de vilões, e a trilha sonora é carregada e incômoda, como se fizesse questão de ressaltar cada sensação exibida na tela.
Com efeitos digitais por vezes toscos e uma direção de arte mal aproveitada, "O Mistério do Relógio na Parede" só não é um embaraço completo por causa das interpretações. Embora não estejam fantásticos, o trio de protagonistas tem carisma o suficiente para fazer com que nos importemos com o destino de seus personagens. Apesar disso, Jack Black e o jovem Owen Vaccaro ficam devendo melhor composição de um arco dramático de seus personagens, e é Cate Blanchett quem se sobressai, mesmo longe de seus melhores momentos no cinema. A atriz cria uma personagem sensível por trás da aparente frieza estranha, e a mudança de suas expressões de forma sutil e discreta é um dos poucos prazeres do filme. Uma pena que seja pouco para transformá-lo em uma obra mais bem acabada.
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