Jurassic Park – O Parque dos dinossauros é um filme absolutamente fabuloso: A história é incrívelmente divertida e muito bem escrita, os personagens são cativantes, a direção de Spielberg é dava o clima de aventura que acabou por ser sua principal qualidade e os efeitos digitais impressionavam para a época em que o filme foi filmado. Em poucas palavras: Jurassic Park era praticamente perfeito. Assim, é impossível não sentir uma pequena ponta de decepção ao ver O Mundo Perdido: Jurassic Park. O curioso é que todos os elementos do filme original estão ali, mas falta a genialidade e originalidade do primeiro filme.
Novamente baseado num romance escrito por Michael Crichton, o longa acompanha uma equipe de exploradores que agora vão para o 'sítio B', onde, diferente daquela ilha vista anteriormente, as espécies de dinossauros são criadas e cuidadas. E após toda a correira que vivem antes, Ian aceita voltar ao seu grande pesadelo apenas por essa ser parcialmente uma missão de resgate de Sarah, seu novo romance. As coisas se complicam quando outra equipe chega para capturar as criaturas e levá-las para a cidade onde será construído um parque temático com os animais pré-históricos.
Uma das grandes qualidades da primeira produção era seu frescor revigorante, que marcava (e fazia muita diferença) presença em todos os minutos da projeção. Aqui isso é substituído por um clima fácil de continuação, onde uma parte dos personagens voltam á ativa, além de termos a mesma estrutura narrativa vista antes. Infelizmente esse é o menor dos problemas de O Mundo Perdido: Se no primeiro filme tínhamos uma série de cenas que não eram apenas abarrotadas de efeitos visuais incríveis, mas também continham um clima constante de suspense e tensão que fazia o espectador roer ás unhas torcendo pelo destino dos protagonistas (a primeira aparição do T-rex e a sequência da cozinha retratam muito bem isso), aqui a maioria das tentivas de reconstruir esse clima são falhas e completamente frustrantes. Em contrapartida temos algumas sequências impecáveis e que deixar o público apreensivo: O momento em Julianne Moore fica á beira da morte em um abismo (e, sim, é aquela que envolve vidro) e a maior parte do ótimo clímax urbano (grande parte por que aquela correria para capturar o monstro não é tão boa e nem tão divertida quanto ver o dinossauro andando livremente pelas ruas).
Mas se há algum aspecto em que O Mundo Perdido é tão bom quanto o original é sua parte de efeitos gráficos: A composição dos dinossauros é excelente, já que Spielberg sabe o momento certo de usar um boneco real e apresentar um monstro digital, e ambos eles são muito bem movimentados e interagem com o elenco de forma orgânica. A direção de Spielberg ainda continua trazendo o clima de sessão da tarde com eficiência, porém, bem mais moderadamente, pois o filme é bem mais sério e maduro que o original (o que não é, necessariamente, uma qualidade). De uma forma ou de outra, as cenas de ação e correria são bem filmadas e empolgantes (mesmo que todas elas não sejas tão tensas ou importantes para o desenrolar da trama quanto poderiam). Por outro lado, a trilha sonora acerta em utilizar a canção tema em poucos momentos preservando sua força original – é uma pena que seja usada em cenas tão bobas – e o restante dos acordes são bem convencionais, John Willians já fez trabalhos cem por cento melhores.
O Mundo Perdido ainda peca por trazer um elenco que não segura as situções mais dramáticas e emocionantes: É decepcionante ver a escolha de mudar o protagonista e trazer Ian como centro, até porque Jeff Goldblum não é um dos atores mais carismáticos, mesmo que ele faça bem seu papel. Além disso, temos Julianne Moore protagonizando os melhores momentos do longa, mas repete suas expressões o filme inteiro – o que acaba prejudicando um pouco sua eficiente atuação, e Vince Vaughn, que deveria surgir como uma espécie de alívio cômico, parece desenvolver seu lado mais sério, e mesmo que não seja fraco como um ator intenso, acaba deixando o público com vontade de ver algumas brincadeiras.
Outro fato curioso é que por mais piadas (engraçadas) que o filme tenha – o 'no começo é assim...' dito junto com a primeira aparição dos dinossauros é hilária e uma ótima homenagem ao filme anterior -, O Mundo Perdido é um longa extremamente sério, que por tratar de assuntos mais delicados (como o contrabando de animais silvestres) sacrifica o clima de aventura. Mas no geral, é um entreterimento decente, bem feito e funciona muito bem como continuação. Note, por exemplo, que eu fiz comparações com o filme original a resenha inteira (algo que eu evito ao máximo fazer) e isso se dá pelo maior defeito de O Mundo Perdido: ser MUITO inferior ao antecessor e fazer questão que a platéia veja claramente isso.
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