Núcleo - Missão ao Centro da Terra, O
Vivia em Teresópolis. Lá fiquei por quase uma década. Sai no inicio de 2010. Quando fui para lá já possuía a dificuldade de locomoção. Pouco sei do que é Teresópolis (ou foi após o ocorrido agora em janeiro) nesse milênio.
Quis o destino que eu lá não permanecesse. Morava em uma chácara que a ignorância atual chama de sítio. No bairro do Bonsucesso. Não consigo atinar em minha mente o que pode ter ocorrido lá. Mas vejo que a varredura das águas tudo limpou. Aqueles que permaneceram irão guardar essas imagens para sempre. Ainda que a escuridão as tenha encoberto parcialmente.
Zanguei-me muito quando tive de deixar o isolamento em Bonsucesso para me isolar em Rondonópolis. Mas os velhos são como a mobília dos jovens. Somos carregados segundo o interesse deles. É lei da vida, infelizmente. E no meu caso especifico, depois da tragédia lei da vida mesmo. Provavelmente estaria morto no dia de hoje. Vá entender. Aquilo que julgamos como um mal, pode se tornar um bem.
A Teresópolis em que eu vivia, eu não conheci. Isolei-me lá na zona rural e deixei-me estar. Talvez por isso a amena dor que sinto ao ver as imagens que me chegam desconexas pela TV.
A tragédia que desabou sobre as cidades serranas não pode ser explicada. Julgamo-nos extremamente inteligentes, mas desconhecemos o mecanismo do corpo maior em que vivemos: a terra. Culpar as chuvas abundantes é simplista. Toda ação vem em reação a algo. Seria o desmatamento em outras regiões a causa? Seria como prega a acupuntura em relação ao nosso corpo, a terra um corpo sujeito as nossas mãos. Ao agirmos sobre um determinado ponto de maneira cruel e impensada, desencadeamos reações que irrompem alhures? Vai saber.
Enquanto isso me vem à mente essa obra recente. Nela a terra é ameaçada. Eventos inquietantes se produzem por toda a parte e pressagiam o fim do mundo. Dessa vez nada de espaçonaves, nem de chuva ou queda de meteoritos. Ainda que a solução encontrada para o problema seja a mesma. Utilização de bombas nucleares.
Josh Keyes um geofísico descobre que o núcleo da terra não está mais em movimento. Isso causa pertubações no campo eletromagnético da terra e o governo estadunidense cria uma equipe para resolver o problema. Uma expedição ao núcleo da terra para solucionar o problema. Tal não seria viável, mas o surgimento de um material desconhecido permitirá que se construa uma espaçonave que atinja as profundezas do planeta. Alia-se o filme em mostrar a jornada rumo ao centro e os efeitos que se desenrolam na superfície com a atitude do planeta ter tido seu núcleo imobilizado.
A pretensa originalidade do filme se desfaz num roteiro raso, em interpretações sofríveis, peripécias grosseiras, diálogos ridículos, ausência quase total de valores humanos. Se alguém se dispuser em diluir o sentido da catástrofe real vendo esse filme, acabará por encontrar uma catástrofe maior. Aqui o homem ainda teima em colocar a morada como vilã e não como vítima de suas atitudes para com ela.
Uma verdadeira catástrofe nas telas e na mente de quem assiste.
Comentários (0)
Faça login para comentar.
Responder Comentário