O cinema americano recente tem a tendência de mostrar personagens, sendo familiares, vizinhos e amigos, cuja relação aos poucos é despedaçada, estabelecendo exemplos de que a sociedade é formada por seres decepcionados com a vida que levam e que não são capazes de encarar com muita felicidade as responsabilidades diárias, sendo as profissionais ou mesmo aquelas seguidas dentro de um lar. Este retrato que de fato se vê no mundo de hoje (ou talvez o de sempre) foi imaginado no passado através de um romance de Carson McCullers, que se transformou em “O Pecado de Todos Nós”, filme de John Huston com desempenhos fascinantes.
A narrativa é muito pessimista, retratando temas como a frustração de um casamento, paixões reprimidas, solidão, entre outras coisas. O centro do filme são os personagens de Elizabeth Taylor e Marlon Brando (que completaria neste 3 de abril oitenta e cinco anos). Eles vivem o casal Penderton. Enquanto Leonora cuida de seus afazeres domésticos juntos com a sua criada e tira a maior parte do seu dia para cavalgar com seu vizinho e amante Morris (Brian Keith), Weldon é um Major frustado e de tendências homossexuais.
Ele observa o soldado Williams (Robert Forster), homem de poucas palavras e que tem por hábito cavalgar nu por áreas nada movimentadas das florestas do povoado da Georgia. O argumento estabelece outras ligações. O soldado Williams atua, assim como Weldon, como um voyver. Mas não é uma atração oculta e profunda que está sendo correspondida em cena, mas é a obsessão que o soldado nutre pela esposa de Weldon. Sem que Leonora note, Willians a observa com grande fascínio na maioria das vezes enquanto ela dorme. O encanto por sua beleza é tamanha que até ocorre invasões em seu quarto de Leonora.
Morris também tem uma vida em seu lar complicada, embora assim como todos os personagens tenta viver de aparências perante as outras pessoas. Ele é marido de Alison (Julie Harris), uma mulher enferma e reclusa em seu próprio quarto que sempre conta com a presença com o seu criado Anacleto (Zorro David) tanto para lhe servir quanto para fofocar. Embora seja encarada em muitos momentos como uma mulher descontrolada, louca e até mesmo suicida, é aquela que melhor compreende as pessoas que a cercam e os segredos que guardam.
Nessa história, onde o premiado “Beleza Americana” guarda lá as suas semelhanças, contou com um recurso muito interessante dos diretores de fotografia Aldo Tonti e Oswald Morris (este não sendo creditado). Todo o filme está em tom sépia, o que fortalece ainda mais o título original da obra, sendo muito destacado os olhares dos personagens, sejam os de admiração ou rejeição. Mas a tradução que o drama aqui recebeu também é oportuna. Todos no filme de John Huston tem os seus pecados e as consequências são arrebatadoras.
Título Original: Reflections in a Golden Eye
Ano de Produção: 1967
Direção: John Huston
Elenco: Elizabeth Taylor, Marlon Brando, Brian Keith, Julie Harris, Zorro David, Gordon Mitchell, Robert Forster e Harvey Keitel.
Comentários (0)
Faça login para comentar.
Responder Comentário