Antes da década de 1970, os filmes americanos sobre gangstêres eram influenciados pelo cinema noir, utilizando de um clima intimista para suas tramas. No ano de 1972, entretanto, surge um filme para mudar a forma de contar a história da máfia. O Poderoso Chefão é um filme absurdamente fabuloso, o primeiro épico sobre gângster da história do cinema.
Baseado na obra de Mario Puzo, o diretor Francis Ford Coppola conta a história de Don Vito Corleone (Marlon Brando), chefe de uma das mais poderosas famiglias de Nova York, a qual controla a jogatina e que tem ramificações entre a polícia, políticos e juízes. Vito Corleone vê-se à volta de seus filhos, Sonny (James Caan), Fredo (John Cazale) e Michael (Al Pacino), que volta da Segunda Guerra como herói. Nisso, o patriarca recebe a proposta de agir também na venda de drogas, para aumentar o faturamento da famiglia. Don Corleone não concorda e acaba sofrendo um atentado, o que desencadeia uma guerra urbana entre as famiglias da máfia nova-iorquina.
A história é arrebatadora e incrivelmente sedutora. O filme tem três horas de duração, as quais passam tão rápido que mal nos damos conta do tempo. O clima criado por Coppola é inédito ao cinema de máfia, o que garante a sua comunicação com o público de maneira tão intrínseca. Inúmeras sequências são clássicas, como a abertura, o atentado a Vito Corleone, todas as cenas de Michael na Sicília, assim como a cena final, poderosíssima.
As atuações são o forte desta obra épica: Marlon Brando entrega um dos personagens mais icônicos de todos os tempos, o mafioso Vito Corleone. Apesar de ser um fora-da-lei, é impossível não se afeiçoar com a figura de Corleone, construída com maestria absoluta por Brando, que lhe dá trejeitos sutis e uma voz com sotaque italiano carregadíssimo. Al Pacino também está fabuloso como Michael Corleone, perfeito na sua dualidade entre herói de guerra e sucessor de Vito na famiglia. James Caan faz Sonny, a figura mais intensa e mais violenta do clã, também com interpretação singular. Robert Duvall é o consegliere Tom Hagen, ponto de apoio de Vito durante sua vida no comando da máfia. As mulheres dão show: Diane Keaton está perfeita como Kay, a mulher de Michael. Já Talia Shire (irmã de Coppola), tem participação forte como a filha de Vito, Connie.
O Poderoso Chefão conta ainda com uma inigualável trilha sonora, de Nino Rota, conduzida pelo maestro Carmine Coppola, pai de Talia e Francis. A trilha aproveita temas clássicos de Verdi e Mozart, além de complementar algumas sequências magníficas, como aquelas ambientadas na Sicília. Essa trilha torna a maneira de contar a história ainda mais marcante. O trabalho desempenhado por Francis Ford Coppola é incrível e até hoje único.
Além disso, a produção conta com ótima fotografia, usando de tons mais escuros e soturnos, ambientando um clima mais melancólico em algumas tomadas. A câmera de Coppola faz tomadas fabulosas, além de utilizar ângulos novos. A direção de arte é magnífica, assim como o figurino.
O Poderoso Chefão é uma obra única, inimitável e superada apenas pela sua continuação, feita dois anos depois. É o maior filme de seu gênero e um dos melhores da história.
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