Mesmo que quase praticamente toda a ação de Monsieur Lazhar se passe no ambiente escolar, não podemos dizer que se trate de um filme que represente emblematicamente os desafios e/ou as recompensas de um educador. O filme parece nos dizer que há uma história de vida por traz de cada um que frequenta a escola e que pouco, ou nada, tem a ver com ela. A professora que se mata sem que saibamos o porquê, ou o professor refugiado da Argélia, cujo drama pessoal ninguém na escola sabe, não retira o grau de importância dos dramas do alunado na trama, entretanto, aponta que, junto com os deles, há outros.
Sabemos que as ações, ou, antes, reações daqueles professores aos seus dramas interferem diretamente na vida da escola (a professora se suicida na sala, depois da aula; o emigrante, que nem é professor, resolve assumir a vaga enquanto luta para consegui asilo no Canadá). Mas, terá a escola interferido naqueles dramas? A resposta não nos é dada de forma direta pelo filme, mas ela está lá.
O Que Traz Boas Novas é um filme interessante para se observar uma prática educacional sem mitificações do ambiente escolar, fugindo do que habitualmente encontramos em filmes com temática parecida. Assim, o filme de Falardeau não se trata de uma denúncia dos tormentos da vida docente, cuja ação do professor é sufocada pela realidade confrontante; nem descreve uma iniciativa “formidável” do professor que acaba revolucionando o ensino e conquistando todos os alunos.
A principal característica desse filme de Falardeau parece ser a elipse. Desde o suicídio da professora, o que temos é uma série de informações sutilmente apresentadas: a vida familiar das crianças, suas diferentes origens étnicas, os problemas de Lazhar, a perspicácia dos alunos, tudo isso, e muito mais, são elipticamente trabalhados na trama. Mas se a elipse é o ponto forte do filme, também acarreta a sua fraqueza. Isso porque, ao final, ficamos com a sensação de que faltou “algo”. O perigo de se lidar com elipse é que às vezes se comete omissões.
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