O Resgate do Soldado Ryan (Saving Private Ryan, 1998) é a descida estreita de Spielberg rumo à arrogância, revisionismo inintelectual, e é, na melhor das hipóteses, um lânguido filme que insinua o trunfo patriótico com nada melhor para fazer do que aplaudir as ''gloriosas, moralmente superiores forças armadas americanas", que eram na realidade nada mais do que bandidos adolescentes que espancaram prisioneiros alemães e estupraram mulheres francesas, além de saquearem cidades europeias.
Mal tarda para que sejamos levados às imagens brutais que não têm nenhum outro ponto a não ser para entreter o espírito geek americano dos video-games sanguinolentos; ele então regride ao sentimentalismo desajeitado que leva o espectador a concluir que os americanos eram todos bons rapazes. O que não é o caso, a história tem nos mostrado isso. Os americanos, apesar de todas as suas boas intenções na 2ª Guerra Mundial, tinham uma atitude segregacionista profunda em seu próprio território, onde mataram pessoas por causa da cor da pele, encarceraram inocentes (povo trabalhador japonês) e os trancou em campos de concentração, manteve soldados negros em unidades separadas que muitas vezes eram as posições mais humildes, bombardearam à fogo cidades europeias fora de tática, principalmente Dresden, contrataram ex-nazistas para combaterem a "ameaça comunista" e, finalmente, as duas bombas atômicas lançadas sobre uma inocente população cívica japonesa.
É realmente incrível que as pessoas que não estão habituadas a grandes filmes ainda considerem isso como um dos "melhores filmes de guerra de sempre" como se nenhum diretor capacitado nunca tivesse tentado trazer o horror e a estupidez da guerra para a tela. Talvez, em vez de automaticamente dar o crédito a Spielberg, deveriam procurar por Vá e Veja (Idi i smotri), A Harpa da Birmânia (Biruma no tategoto, 1956) ou Glória Feita de Sangue (Paths of Glory, 1957), todos realmente muito superiores a este abastardamento hollywoodiano. Não há absolutamente nenhum plano que não seja desigual, e toda a aterragem no Dia D, de acordo com Spielberg, foi de alguma forma apenas um show de lado para salvar O Resgate do Soldado Ryan. Com uma afirmação tão simplista, é fácil ver por que a maioria dos críticos deleitam-se com a sensação de que ''ação, ação, ação" é equivalente a "grandeza ". Eu só acho que, por eles buscarem apenas entretenimento, é que os diretores continuam a manter tal imundície oportunista. Enquanto isso, a maioria dos telespectadores estão enfiados em suas casas, acenando com bandeiras americanas e descarregando algumas lágrimas, podendo verdadeiramente apreciar sangues e tripas como "cinema", em seguida, já há um mercado para eles. Depois de passar a premissa pueril, então você pode sentar, tomar algumas cervejas e assistir cabeças explodirem na carnificina que não tem nenhum significado intelectual e é o maior lixo impulsionador de clichês que já foi produzido.
As próprias cenas de combate são uns exageros, roubadas de filmes de guerra anteriores, como O Mais Longo dos Dias (The Longest Day, 1962). O pouso na praia é muito longo, e ele apenas enaltece o ''heroísmo'' americano e desdenha as ''pragas'' alemãs. Tom Hanks parece fora de lugar como líder de um bando de rejeitados que são confiados para salvar o Soldado Ryan e em uma cena completamente absurda, onde os restantes 15 americanos derrotam, em uma duríssima batalha, os superiormente treinados do Grupo de Unidades especial SS com apenas algumas armas. Agora, se você sabe alguma coisa sobre a história, então você sabe que o SS não era um grupo fáci de se derrotar, eles foram alguns dos soldados mais fanáticos e bem treinados do Reich alemão, mas uma vez que Spielberg pensa que todos nós somos apenas um bando de idiotas, ele vai continuar a fabricar tais enredos inconsistentes.
Como sugestão, indicaria O Inferno é para os Heróis (Hell Is for Heroes, 1962) com Steve McQueen, porque pelo menos nós não somos obrigados a carregar uma bandeira americana no final. No entanto, se você quer ser cegamente conduzido por uma gloriosa mensagem de guerra de Spielberg, que é simplesmente propaganda, faça-o lembrando que qualidades redentoras passam longe daqui.
Ideologia de cu é rola. Se as pessoas não fossem tão fáceis de se manipular, todos saberiam que o flamengo é um time pequeno apadrinhado pela globo e não não tem, nem a pau, a maior torcida do rio de janeiro. Tudo o que afirmo é porque tenho credito.
Pessoas de pouca visão, tem bastante dificuldade mesmo de analisar todos os inúmeros aspectos e vertentes de uma obra cinematográfica... 🙄
E caso você não tenha percebido seu retardado, esse comentário se baseia nas deturpações e manipulações do contexto histórico ideológico do evento ocorrido.
Eu li este comentário, reli, li os dos outros, vi o filme, revi, algumas coisas eu concordo, outras não, acho que existe um certo preconceito com esse filme, enfim... é um bom filme, com falhas, mas uma ótima direção do Spielberg, cai em alguns clichês bobos mas os atores (e seus personagens) vão muito bem.