ALL THAT JAZZ não é apenas um musical. Não é uma narrativa que explora unicamente a música e a coreografia como forma de envolver o telespectador. Não é um filme maçante em que poucos estão dispostos a assistir. É, antes de tudo, um filme que valoriza os personagens e a narrativa, não se esquecendo de trabalhar sua linguagem, típica de uma comédia musical.
Não é possível analisar a obra, sem antes mencionar o quanto ela se aproxima de 8 e meio, obra-prima de Federico Fellini e um dos grandes longas-metragens que o cinema já produziu. As duas obras são metalinguísticas e tratam do trabalho de um diretor/roteirista enquanto executa seus trabalhos para a produção de seu próximo longa-metragem. Claro que nenhum dos dois filmes são apenas isso. A experiência de assisti-los vai além de qualquer comentário que se pode ser feito sobre eles.
ALL THAT JAZZ expõe o momento da vida do diretor Joe Gideon, interpretado por Roy Scheider, que concorreu ao Oscar de Melhor Ator por essa obra, enquanto está preparando-se para a produção de mais um filme. Não demora muito pra perceber-se que ele é um sedutor irrefreável. A obra que está produzindo terá como personagem principal sua ex-mulher Audrey Paris (Leland Palmer), com quem tem uma filha Michelle (Erzsebet Foldi). E ainda namora Kate Jagger (Ann Reinking) e seus devaneios e introspecções são feitos através da personagem interpretada por Jessica Lange.
A obra é quase auto-biográfica, já que o diretor e roteirista Bob Fosse levou a obra a cabo após passar por uma cirurgia cardíaca. Mais interessante ainda é notar que o diretor vem a morrer em 1987, vítima de um enfarto, antes da estréia da peça Sweet Charity.
O filme é extremamente estético. Como não citar as coreografias, as músicas e todo o cenário que fazem com que você envolva-se com o Jazz de uma forma especialmente incrível. Não é possível que após assistir-se a este filme você não se encante (caso ainda não ocorreu) com esse estilo musical aqui valorizado como merece.
A edição é algo incrível, contraponto os devaneios, a realidade e a produção do filme, de modo a uma cena que não se relaciona com a outra façam parte de um mesmo contexto e colaborem para que a narrativa torne-se mais dinâmica. Ao assistir ao filme pela primeira vez, você não tem a impressão de que a parte final da narrativa, em que o protagonista encontra-se hospitalizado, dura quase metade da narrativa. Ao reassistir, consegue perceber a grandeza do roteiro e da construção narrativa.
Por incrível que pareça, não é um musical fácil de degustar, levando-se em consideração o público que gosta de musicais. Claro que aqueles que não estão acostumados com a linguagem desses filmes ou tem ojeriza por eles, não entram dentro desta equação. Digo que o filme tem uma linguagem peculiar exatamente para os adoradores de musicais. È um filme para ser assistido mais que uma vez para compreender em toda a sua essência as nuances desenvolvidas pelo excelente roteiro e direção de Bob Fosse.
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