O primeiro filme filmado inteiramente dentro da Arábia Saudita, foi premiado em vários cantos do mundo, inclusive no Festival de Veneza, o melhor de tudo é que o filme é dirigido por uma mulher, Haifaa Al-Mansour seu filme de estreia foi um sucesso, em um país onde as mulheres sofrem as mais diversas represálias como no próprio filme mostra, as mulheres não andam de bicicleta, não dirigem carros e se privam de mais uma porção de coisas, como se isso não fosse suficiente, o país não possui suas próprias salas de cinema, o que quer dizer que o filme não foi exibido em seu país, ainda assim tudo foi filmado com dinheiro de países muçulmanos mais liberais e do Sundance Institute e do Hubert Bals Fund, ligado diretamente aos festivais de Roterdã e Sundance.
O filme conta a história de Wadjda, uma garota que mora no subúrbio de Riade, capital da Arábia Saudita, embora ela viva em uma cultura conservadora, é uma garota cheia de vida, que usa calça jeans, tênis, escuta música e deseja apenas uma coisa: comprar uma bicicleta e disputar uma corrida com seu melhor amigo Abdallah, o problema é que eles moram em uma sociedade que diz que as bicicletas são apenas para os meninos porque podem ser perigosas para a virtude das meninas, ela enfrentará muitas dificuldades para realizar seu sonho.
O painel agudo de uma sociedade que oprime as mulheres em seu cotidiano de forma assustadoramente onipresente e, o que é pior, com a participação das próprias mulheres, a garota Wadjda, protagonizada por uma ótima estreia de Waad Mohammed, chama a atenção na escola onde estuda, por coisas banais, como o fato de ela usar tênis, em vez de sapatos pretos, e eventualmente falar mais alto do que a diretora, isso só para citar algumas das muitas represálias que a garota sofre, ela tem sempre que cobrir o seu rosto, coisa que ela odeia, precisa se esconder dos garotos já que eles não podem ouvir sua voz e nem olhar para elas diretamente, ainda que a sociedade seja rigorosa com a garota, ela caminha firme e forte.
O filme é historicamente importante por conta dos fatos que eu citei lá no primeiro paragrafo, a diretora conduz toda a história com muita simplicidade, retratando os dilemas de uma juventude rodeada de problemas, à procura por uma identidade, a busca de um sonho, para quem mora em países como esse, no caso o ocidente, pode ser até banal mas, em outros casos o filme conta uma história forte e que precisa ser mostrada, nunca se deve perder de vista o potencial incendiário que uma história assim poderia ter num ambiente tão conservador.
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