Uma comédia engraçadíssima, uma divertida forma de criticar os aeroportos e não só e um daqueles filmes que uma pessoa deseja que nunca acabe.
A ideia de criar em um pequeno sítio um mundo onde uma pessoa possa comer, dormir e até mesmo ter um jantar romântico é muito engraçada (até eu já pensei nela!). E, neste filme, essa ideia é muito bem trabalhada. É muito divertido ver Viktor Navorski a tentar safar-se com a vida no aeroporto, e, ao mesmo tempo, a mostrar-nos como até um sítio, por mais insignificante que seja, é sempre um mundo maior do que aquele que se vê.
Eu diverti-me imenso ao ver, por exemplo, Viktor todo atrapalhado com a língua inglesa. Teve imensa graça a cara de “Hem?” que ele fazia quando Frank Dixon falava com ele. Ele ali “blá blá blá, blá blá blá, blá blá blá” e Viktor não percebia nada! E Frank não se esforçava nem um pouco para que ele compreendesse! Teve muita piada. Essa e todas as outras situações em Viktor se meteu por não perceber o inglês. E à medida que o filme avançava, conhecia novos personagens, cada uma mais peculiar que a outra, e todos com a sua graça. Enrique Cruz é muito divertido, o velho rabugento tem imensa piada e Amelia, embora não pareça, é engraçada. Uma pessoa que está sempre a “bater na sua cabeça” por fazer uma coisa e depois desejar nunca ter feito nada disso e achar isso burro da parte dela? Hahaha!
E, a uma certa altura, o filme deixa de se limitar a ser engraçado e mostra-nos cenas mágicas. Diria que a primeira é aquela cena do homem dos comprimidos. Viktor fez muito bem o seu papel de tradutor, mas não estava a conseguir ajudar o homem. Aquela ideia de dizer que os comprimidos eram para o bode foi genial, e achei-a engraçada. O nosso homem mostrava-se então ainda mais esperto do que havia mostrado até aí, e melhor pessoa. Fiquei contente com essa boa acção de Viktor “O Bode” Navorski.
A partir dessa cena, Viktor passa a ser um grande altruísta, sempre a ser boa pessoa e a ajudar tudo e todos, fosse como fosse. Tornou-se maior do que qualquer pessoa estaria à espera. Grande homem. Porém, ainda lhe faltava ajudar-se a si mesmo. Afinal, ele também gostava de Amelia, e queria ficar com ela. As cenas em que eles os dois estão juntos ficaram muito poéticas, e fariam qualquer pessoa pensar que eles ficariam juntos e felizes no final. Mas não. Surpresa, este filme fugiu a esse estereótipo e mostrou que nem sempre os grandes amores vencem, e que não é por causa disso que alguém passa a ser um infeliz.
A uma certa altura, este filme acaba por fazer lembrar Austrália, na medida em que está cheio de cenas bonitas que parecem um final. A minha própria mãe pensou que o filme ia acabar na cena em que Viktor e Amelia se beijaram! É verdade, o filme várias vezes parece que vai acabar, mas ainda se prolonga. E, mesmo assim, nunca se torna cansativo, porque este é um daqueles filmes em que a gente não se importava de ficar a ver aquilo mais umas duas horas, porque este filme proporciona-nos muitas risadas. E, quando finalmente acaba, tem um belo final.
Gostaria de destacar ainda algo relacionado com as actuações. Alguns actores estão melhores, outros menos bem, mas, no geral, temos um nível bom. O velho rabugento está muito bem representado, a personagem de Frank também, e muitos secundários também estão bastante aceitáveis. Mas o grande destaque é, sem dúvida, Tom Hanks. O actor desempenha aqui um papel de maneira impecável. Em especial na parte em que Viktor ainda se vê atrapalhado por não saber falar inglês, Hanks chega, por vezes, a fazer lembrar Sean Penn, na sua soberba interpretação em Uma Lição de Amor.
O Terminal é uma comédia muito eficiente, um belo filme para se ver com a família. Recomendo.
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