-"QUAL A HISTÓRIA DAQUELA COISA?"
-"PROVAVELMENTE, A QUE VOCÊ OUVIU."
Mesmo com o decepcionante desfecho, o primeiro Olhos Famintos se mostrou um belo road movie de terror acima da média do gênero, principalmente em sua primeira metade. Tanto foi assim que a seqüência Olhos Famintos 2 chamou a atenção de ninguém menos do que Francis Ford Coppola (O Poderoso Chefão; Drácula de Bram Stoker) para participar como produtor do projeto. Apenas dois anos depois, Victor Salva retorna na direção e no roteiro desta continuação que muito pouco ou nada acrescenta à estória iniciada no filme original.
Diferentemente de muitos daqueles que assistiram o primeiro filme, agradou-me o fato de Salva ter mantido total mistério em torno do vilão do filme, pois assim teria um grande material para explorar e expandir nesta seqüência. Porém, Olhos Famintos 2 sequer se dá ao trabalho de esboçar qualquer tipo de esforço para desenvolver a mitologia e o universo da criatura, restringindo-se ao resumo já conhecido por todos nós: a cada 23 anos, durante 23 dias, este ser malígno precisa se alimentar de humanos, os quais ele caça neste período. Não temos nem ao menos teorias do que seria tal ser (um demônio, um animal, um alien, sei lá!) e quando tenta estabelecer qualquer tipo de padrão que seja para o comportamento do antagonista, o roteiro se auto-sabota de maneira amadora. Por exemplo: após uma ridícula cena, fica estabelecido que o monstro seleciona, através do olfato, suas vítimas. Porém, na prática, o monstro ataca qualquer um que surja na sua frente, indiscriminadamente.
O roteiro de Salva ainda sofre na tentativa de fazer a estória simplesmente andar, encontrando enormes dificuldades para isso. Como a trama gira apenas em torno de um ônibus escolar parado em um ponto isolado de uma rodovia e na busca por vingança de um fazendeiro contra o monstro que vitmou seu filho, Salva não encontra meios de impulsionar a trama e precisa recorrer a saídas nada inteligentes - ou mesmo eficazes - para sair de um loop tedioso de mais de uma hora de filme sem apresentar nada de relevante ou interessante neste espaço de tempo. Para se ter uma idéia, para nos passar as informações mais básicas sobre a criatura (e isso se resume a saber que ela se alimenta de gente por 23 dias, a cada 23 anos, e só), uma personagem começa, do nada, a ter visões de vítimas do monstro que lhe contam tudo da maneira mais didática e mastigadinha possível, para que não tenhamos nenhum problema em acompanhar o raciocínio dos protagonistas - que alias, são bem difíceis de se identificar aqui.
E os personagens aqui são outro grande problema deste filme. Enquanto o primeiro filme resumia-se praticamente ao casal de irmãos perseguidos pelo monstro enquanto atravessavam uma rodovia, aqui temos um contingente tão grande e inútil de personagens, que é difícil preocupar-se com qualquer um deles. Seja o bando de adolescentes debilóides ou a família de fazendeiros vingativos, nenhum deles é capaz de chamar nossa atenção por não possuir qualquer tipo de empatia conosco, nem mesmo o pai que testemunhou a morte do filho ainda menino - por mais incrível que pareça. Tudo bem que essa comparação entre os dois é quase inválida, já que o primeiro é um filme de narrativa e o segundo de imagens, mas de que adiantam tantas mortes se nem prestamos atenção em quem está morrendo? O grande dilema que acompanha os jovens, por exemplo é que um deles acredita ser descriminado pelo treinador do time de basquete e outro que os demais acreditam ser gay. Ponto.
Com uma produção digna de filmeco B - não daqueles bons - com furos e mais furos de roteiro e erros de seqüência (inversões de marcação e de eixo são freqüêntes), Olhos Famintos 2 acaba com a boa reputação alcançada por seu antecessor e não faz bom uso dos talentos de Coppola e de Salva, que não é mau diretor, liquidando as chances de que a franquia atingisse o status de cult, como esperado por muitos. Não dá medo, nem diverte. Apenas faz o tempo passar, mesmo que muito vagarosamente.
Eu até que acho o filme divertido Cristian, mas sem dúvida não assusta. 😉
Grande Luiz. Lembro-me de ter gostado da primeira metade, enquanto os personagens encontram-se presos no ônibus. Mas com o passar do tempo, essa parte foi ficando sem graça também. Não sei porquê....
Preciso ver o primeiro. Esse sinceramente é um lixo. 3,0 é uma nota generosa meu amigo.
Fala Conde! Até que os primeiros minutos agradam, mas depois.....vira uma bobagem sem tamanho.