“Ondas do Destino” tem seus méritos e deméritos mas se tornou um dos filmes mais premiados da carreira do diretor, apesar de não estar em seu ápice criativo, filmado com a câmera em movimento o tempo todo acompanhando o ritmo da mente perturbada da protagonista interpretada brilhantemente por Emily Watson. Seu tempo é demasiadamente longo e as cenas não possuem a beleza estética que apreciamos em Europa (um trabalho de um cineasta maduro e inteligente). Porém aqui, ele deixa um desconforto após seu triste fim, criticando o conservadorismo na sociedade e a religiosidade dos mesmos infelizmente, muito mal interpretada mesmo que Von Trier seja dono de um talento admirável.
O interessante é que seus filmes não seguem o mesmo padrão especifico de outros diretores. Assim como Kubrick ou Ken Russel, sempre polêmico ao extremo e algumas vezes utilizando linguagens que incomodam só pelas imagens vista por alguns como uma “maldição”, somos empurrados para o cinema pois sabemos que seus filmes são de certo modo algo que deve ser contemplado na tela grande, mesmo que rasgue o psicológico do público em pedacinhos. O que me incomoda é a falta de cuidado do diretor em abordar um comportamento que exige um cuidado por ser delicado demais dividindo seu público.
Von Trier nos conta a história de Bess McNeill, uma jovem com problemas mentais que mora num pequeno vilarejo (tenho dúvidas se é Escócia ou Inglaterra) dominado completamente pelo conservadorismo, ela decide se casar com o jan, um homem misterioso que trabalha nas plataformas de petróleo. O Casamento acontece mesmo sob os olhares dúbios dos anciões e da família pelo apego extremo de Bess a Jan, contrariando algumas opiniões e indo contra a vontade de sua mãe que desaprova as atitudes de seu marido como todos. Jan parte para trabalhar nas plataformas voltando gravemente ferido após um acidente, colocando sua vida em risco. Sem poder fazer sexo com sua esposa, ele pede para que ela se relacione com outros homens, porque só assim, ele a sentiria como se estivesse com ela mesma.
A atuação de Emily Watson é de uma força impressionante, maravilhosa, carismática e simplesmente cativante. Um verdadeiro talento e o pior é que em alguns momentos, não parecia uma atuação e sim de uma jovem de fato com problemas mentais devido a seu forte empenho. Sempre que a mesma aparece na tela, queremos acompanhar seus sorrisos, sua angustia, anseios e duvidas até os últimos minutos. Foi uma surpresa ver Stellan Skarsgård como Jan. Além de ótimo ator ele consegue gerar certa duvida do que quer com a jovem Bess (Emily Watson), por sua indiferença com a esposa e não mostrar a mesma reciprocidade, sentindo o baque após seu sacrifício na esperança de que Jan viva. Ele a faz acreditar que quando ela se relaciona com outros homens, seria como se ela estivesse fazendo amor com ele na esperança de sua melhora.
Poderia ter sido mais curto e um corte de 30 minutos não faria falta, mas por outro lado, não me cansei de ver Emily Watson atuando. É ela quem carrega o filme todo nas costas e cada vez mais eu ansiava para vê-la, vale à pena também pelo rumo em que a trama toma e o fim, que embora seja uma verdadeira “Viajem na maionese”, Von Trier conseguiu me prender para saber o desfecho. Essa é a primeira parte de uma trilogia considerada a Trilogia Coração de Ouro que fecha com “Dançando no Escuro” com a ilustríssima cantora Bjork. Mesmo que eu não considere esse um grande filme, o diretor cria mais expectativas em seus filmes por nunca seguir um gênero especifico bem imprevisível.
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