A força e o impacto da história de Onde os Fracos Não Têm Vez é algo extraordinário visto pela perspectiva de um trabalho imerso ao suspense e a tensão de uma trama que em nenhum momento assegura absolutamente nada a não ser violência, perigo iminente e um gelo na espinha quando o personagem de Javier Bardem se faz presente em tela. O ritmo delicioso de acompanhar, o jogo envolvente de cão e gato e o estudo psicológico do protagonista a cerca das mudanças em que a sociedade fora submetida ao longo dos anos são os pontos fortes deste longa que já nascera vitorioso, desde a escalação do elenco extraordinário à direção espetacular e repleta de estilo e personalidade os irmãos Coen.
A projeção avança a partir de um fato que vai amarrar os personagens e o telespectador de uma forma magnífica, sendo que tudo passará a ficar imperdível na caça descontrolada de mocinho e vilão. Toda a aura psicológica que emerge da fatídica cena das camionetes abandonas no meio do deserto, dezenas de homens mortos e uma fortuna pronta para ser conquistada pelo primeiro que a pegar, é algo incomensurável, digno de grandiosas cenas do cinema, em um impacto tão forte que absolutamente paralisa o público e o deixa assim até o desfecho improvável do filme, onde a cada respiração nervosa do protagonista e a cada olhar sombrio e extremamente frio do vilão, levará o telespectador a tremer.
Vencedor do Oscar, Javier Bardem executa algo que acontece raramente no cinema. Tal ator encarnou tão bem a frieza que pedia seu personagem, que suas aparições, embora comedidas, são espetaculares, pois não se mostra a alma de seu personagem, muito menos personalidade mas sim, uma qualidade quase perfeita de calcular e perseguir suas vítimas, para alvejar com precisão as mesmas. É a partir desta nova perspectiva, deste novo perfil de criminoso e suas técnicas para alcançar seus objetivos, é que consiste o estudo do xerife vivido por Tomy Lee Jones, a cerca das mudanças de caráter, tanto da sociedade quanto do próprio indivíduo, onde o tempo parece ter passado para todos, menos para o velho e canastrão xerife, que não compreende bem as transformações que um novo mundo trouxe às pessoas.
Onde os Fracos Não Têm Vez possui o ritmo frenético que as passagens de ação pedem, bem como a tranqüilidade e a destreza dos irmãos Coen em comporem cenas psicologicamente intrigantes e imersas ao suspense, desenvolvendo cada pedaçinho com sutileza e maestria, fazendo jus à premiação que lhe renderam o Oscar de Melhor Direção. Impecáveis, construíram um mundo cuja atmosfera me faz recordar o universo mítico de Onde Começa o Inferno, tamanha sua natureza reclusa a lugares físicos, bem como o interior dos personagens, tão bem trabalhados e desenvolvidos. O diálogo final, que explicita em palavras tudo o que fora mostrado anteriormente através de muita violência e ação, se mostra essencial para entendermos profundamente o sentimento e a alma não apenas do personagem durão que ali está, mas sim de todo o filme. Obra Prima moderna.
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