Tomara que se torne um clássico infantil daqueles que são exibidos nas escolas para as crianças.
Antes de tudo, a melhor definição que posso dar deste filme é: Profundo, sensível e mais complexo do que se possa imaginar. Onde vivem os Monstros apesar de ser um filme infantil, vai muito além daquelas aventuras com bichos e tudo mais. O interior da 'criança' é explorado de várias formas e refletido em cada monstro que Max conhece. Bom, Max (Max Records) é um menino de 9 anos, que após uma briga com a mãe, ele foge e acaba parando em uma ilha escondida na qual habita alguns monstros.
O maior erro do diretor (Spike Jonze) foi justamente não conduzir e interligar a fantasia com a realidade fazendo com que muitas das coisas soassem como superficiais. O menino foge de casa, vai parar numa floresta, de lá ele já sai num rio, e do rio já sobe em um bote, e navega pelo alto mar até chegar na tal ilha dos monstros (!!!!). E depois da cena que ele se despede da ilha, ele volta navegando no bote em alto mar, e encontra o caminho de casa(!!!) Criança sábia essa, não? Talvez se o filme se iniciasse na ilha e terminasse na ilha, a fábula seria muito mais real e convincente.
Pode ser um erro ou não, e o que pode dividir opiniões é o fato de muita coisa ficar escondida no desenvolvimento dos personagens (monstros), não se sabe nada sobre eles, apenas algumas coisas mínimas, como principalmente suas personalidades, mas de onde vieram, a relação entre Carol e KW que é mal desenvolvida, e outra coisas ficaram sem a atenção maior do diretor. Bom, isso não me incomodou muito, até porque se ouvesse alguma explicação pra tudo, o filme deixaria o seu objetivo, que é a imaginação do menino, pra criar uma história sobre monstros.
Mas por outro lado Jonze cria uma profundidade tão bonita e sincera que é impossível não se identificar. No início já percebemos bem a solidão do menino, a exclusão, o desejo de ser amado, a vontade de ter seus pedidos atendido, enfim. Toda a solidão de Max é claramente mostrada. Max representa milhares de crianças, ou melhor, representa todo o universo infantil, pois toda criança deseja ser amada, deseja ter a atenção dos outros e principalmente, toda criança tem imaginação fértil e algumas como Max, possuem imaginação mais fértil ainda. E é por ai que entendemos toda a complexidade da obra, ou quase toda. Max cria um mundo imaginário pra ele para que se veja aconchegado e saciado as suas vontades.
Na ilha, Max torna-se Rei, já que os monstros necessitavam de um líder. Com toda sua audácia, inteligência e esperteza, ele convence os monstros de que possui poderes e que já governou outros reinos, assim os monstros acabam por aceitá-lo. É divino a forma de relacionamento de todos eles. Eles (os monstros) são os espelhos de cada criança ou de cada personalidade das mesmas, digo 'criança' me referindo à Max e já que Max representas as 'milhares crianças', então me refiro a todos. Um monstro é invejoso, o outro é ganancioso, o outro é egoísta, tem aquele que se sente excluído e desamparado, tem o inseguro, tem o amigável. Todos eles são o reflexo de Max. E ainda, cada monstro tem sua personalidade estampada no rosto. Aquele olhar de amargura, de tristeza e até mesmo de solidão, como Max. E ao tornar-se Rei, ele precisará manter a harmonia entre todos, o que será muito difícil, já que todos são diferentes um do outro, todos querem atenção, todos querem ser entendidos de alguma forma e é ai que Max aprenderá a conviver consigo mesmo.
Se por um lado o diretor erra, por outro ele acerta e muito bem. A escolha da trilha sonora que é simplismente encantadora, que é tocada durante quase todo o filme, a criação dos monstros em Live-Action pra deixar tudo bem mais real e nostálgico e ainda nos entrega cenas mais que maravilhosas como a da caminhada no deserto, os diálogos profundos, e a cena da despedida que é profundamente tocante, fazendo até chorar, sim eu chorei. Agente se apega tanto aquelas criaturinhas aparentemente tão medonhas mas que seus sentimentos e sua convivência nos dá aquela vontade de torcer por eles, mas enfim, cenas marcantes que com certeza irá levar muita gente a se emocionar e com aquele leve pensamento: "Como eu queria voltar a ser criança!." A infância passa, mas não pode deixar de ser marcante.
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