Quando muitas estrelas se juntam para um único filme, das duas uma: ou vai ser um perfeito fiasco ou um grande sucesso. O ainda jovem diretor Steven Soderbergh (46 anos) vem construíndo aos poucos uma carreira interessante. Na filmografia, participou duas vezes da cerimônia mais simbólica do cinema. Aliás, o cineasta foi um dos poucos na história a emplacar duas obras entre as concorrentes num único ano. "Traffic", que garantiu o primeiro oscar ao diretor e "Erin Brockovich – Uma Mulher de Talento". Vale lembrar que naquele ano o épico "Gladiador" foi escolhido como o melhor para a acadêmia. Gladiadores a parte, "Onze Homens e um Segredo" é um trabalho menor de Soderbergh. Menor no sentido de impacto, pois se levarmos em conta o que custou aos cofres da produtora e o que arrecadou, mudaremos um pouco o discurso.
Inspirado na obra homônima de Lewis Milestone (1960), o longa conta a história de Danny Ocean e seus amigos, bandidos clássicos que arquitetavam roubos gigantescos e pomposos em sua época. Devido ao estilo dos furtos e da calma do grupo, que dificilmente apelava para a violência, esses homens eram considerados ’bandidos charmosos’, ou ‘bandidos mocinhos’, como preferir. Uma referência fácil é o atual John Dillinger, de "Inimigos Públicos", que na sua época era considerado um mito, reverenciado e admirado pelo povo. Uma curiosidade aqui, é que a trama da década de 1960 contava com nada mais nada menos do que Frank Sinatra como personagem principal… (Sinatra fazendo jus a sua fama de mafioso).
Soderbergh constrói um longa ágil, que vai direto ao assunto sem se perder em passagens desnecessárias. Talvez esse seja um dos grandes trunfos do longa, já que em poucos minutos – menos de 20 – somos apresentados a quase todos os personagens e ao plano de assalto aos cassinos. No entanto, como nada é perfeito, a agilidade pareceu tanta em tantos aspectos que a trama tem poucas cenas daquelas que você para e pensa: UAU!… apesar de muito bem feito em quase tudo, o longa carece de passagens mais trabalhadas, mais espetaculares – como pede o esquema de um filme desse tipo. Há ainda o romance entre as personagens de Clooney e Roberts, que apesar de demasiado clichê, tem a sua importância para a história… caso contrário, ele seria completamente descartável. Como destaque, o roteiro tem uma virada interessante e divertida no final, que me surpreendeu bastante.
O elenco fala por si só: Matt Damon, Casey Affleck, Don Cheadle e até a musa Julia Roberts como meros coadjuvantes? Pois é, o filme se dá ao luxo de ter atores desse nível como ‘figurantes’, podemos assim dizer. Entre os principais, Brad Pitt é destaque fazendo um papel que vem se tornando típico em sua carreira. Aqui, seu estilo lembra muito o de Tyler Durden em "Clube da Luta" (nem precisa falar que ele está pra lá de bem). George Clooney, por sua vez, também garante bons momentos interpretanto aquele que seria o personagem principal – Danny Ocean. No entanto, quem ofusca a luz de todos os outros é o cubano Andy Garcia. Se você procura saber o que é um bom ator e como se portar diante das câmeras, assista a esse filme e aprenda um pouco com ele. Como Terry Benedict, dono dos cassinos, o ator da show em cena e rouba o filme para sí com grande estilo. A cada cena que ele aparecia o longa ganhava alguns pontinhos a mais comigo – principalmente nas partes em que ele tentava se manter calmo mesmo com tudo dando errado.
No final das contas, "Onze Homens e um Segredo" é daquele tipo de entretenimento sem compromisso, daqueles que você assiste simplesmente para se divertir, sem precisar pensar. Se você for daqueles que procura algo sério, para refletir, passe bem longe desse trabalho. No entanto, como um blockbusterzinho de vez em quando também é bem-vindo, esse é daqueles que tem bons momentos, uma história interessante e muito bem montada, ao contrário da maioria dos super-sucessos-de-bilheteria por aí. Ah, e dica para os apreciadores do lado musical da coisa: a trilha sonora é genial!
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