Levar para os cinemas uma história que é lida e aplaudida até os dias de hoje não é tarefa fácil. Já trasportada para a televisão, Orgulho e Preconceito tinha como meta adaptar o famoso livro de Jane Austen sem modificar a obra ao modo “hollywood style”, e mesmo assim chegar ao grande público. Vendo a renda de cinco vezes o orçamento, o diretor Joe Wright prova que conseguiu.
A romântica e inesquecível história de Lizzy Bennet e Mr. Darcy nao foge das páginas do livro tem passagens alteradas e dramatizadas. Aliás, é aqui que a roteirista e o diretor provam que não se deve seguir linha por linha do que foi escrito, como vemos em outras adaptações, e continuar mantendo a ideia original da obra.
Keira Knightley é perfeita no papel da protagonista, as expressões e a ironia com que a personagem fala esta sob total controle da atriz. Uma pena ela não ter ganho o Oscar, pois merecia.
Matthew MacFadyen dá o tom do “mocinho”, o rosto fechado, o modo como olha para Lizzy e os pequenos gestos e sorrisos e os belos olhos azuis (afinal, Mr. Darcy é o galã) criam o que seria o cavalheiro perfeito: hostil e orgulhoso à primeira vista, mas irrestível ao decorrer da história. Aliás, na primeira cena em que o personagem aparece, você se pergunta se MacFadyen seria a melhor escolha como galã, ele não parece tão bonito, mas de cena em cena ele vai ficando mais e mais charmoso. E é aí que está o barato do filme: ninguem é realmente o que parece ser. Tudo são apenas primeiras impressões, que foi o título da primeira edição do livro. A cena da dança entre o casal, eles estão trocando a todo momento quem carrega o orgulho e o preconceito contra o outro: a ironia de Lizzy, o falso auto-controle de Darcy, tudo é ambiguo. O jogo da câmera, que depois vai passando de sala em sala sem cortes e pausas é de dar inveja em qualquer diretor. A fotografia é esplêndida, captando as cores de acordo com os sentimentos que estão no ar, acompanhada de uma belíssima trilha sonora, que é como um locutor contando sem palavras o que esta por trás de cada gesto. O elenco coadjuvante também merece aplausos, em nenhuma adaptação vimos uma Sra. Bennet, uma Lady Catherine e uma Jane interpretadas com tanta maestria. Finalmente seguiram as palavras de Jane ao escolherem uma atriz bonita para o papel da doce Jane, que é descrita como a mais bonita de todas (aqui vivida por Rosamund Pike).
E quer mais ousadia do que um filme de romance sem beijo algum?
Mas antes de mais nada Orgulho e Preconceito é um romance de época, onde o amor cortês e puro está acima de qualquer interferência das regras impostas pela sociedade. Darcy é tudo aquilo que toda mulher sonha, e Lizzy é aquela que todas desejam ser. Um filme inteligente, onde não apenas as mulheres deviam apreciar, como os homens também.
Ah, e o final é um dos - senão o - melhor de todos desse gênero.
Uma obra-prima.
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