É interessante as escolhas de Tilda Swinton. Mais interessante ainda é a forma que as suas escolhas caem como perfeição em sua pessoa. “Orlando” é prova disso. Swinton é dona de traços andrógenos que levam a ambiguindade. Uma figura que pode ser o que quiser unida a sua capacidade dramática singular. Acredito que agradaria à Virginia Woolf ver sua obra considerada “mais” palatável ser adaptada para o cinema, uma vez que a adaptação de Sally Potter é bastante digna. Orlando é um nobre da era Moderna que vive através dos anos por ordem da Rainha Elizabeth I. Sua permutação e evolução é tão grande que o mesmo troca de sexo ao longo de sua imortal vida. Virginia se expirou em uma amiga para escrever essa obra, talvez, em si mesma. Subjetiva e complexa ela se perdia em seu próprio mundo e no Tempo. Este, seu principal tema e onipresente em suas obras, o Tempo está lá como mais um elemento que cobra da vida satisfação, contas e respostas. Respostas que não necessariamente são encontradas. O filme é eficiente ao retratar os anos de Orlando na Terra e em certos momentos esquecemos que é uma atriz a dar vida ao personagem ainda em sua forma masculina. A cena em que Orlando corteja a princesa nórdica é incrivelmente bem executada e por uma fração de segundos quem está ali é um ator. Conveniente observar que cada “novo” Orlando possui olhos de cores distintas, sempre bastante ressaltados pelos diálogos diretos da atriz para as câmeras. O fato de o filme flertar com o lesbianismo, o mutável e o confuso é algo que o torna mais curioso e mais coerente a essência de Virginia. A diretora soube explorar bem esse lado ao colocar um dos maiores transformistas da Inglaterra como a rainha Elizabeth I. Recomendado a ser visto pela sua fidelidade a obra literária que a concebeu e a arrojamento de Tilda Swinton.
Críticas
7,5
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