“O filme nunca muda. Não pode mudar. Mas cada vez que você vê é diferente, porque você mudou. Você vê coisas diferentes.”
Um dos melhores filmes dos anos 90, complexo para alguns, bizarro e indiferente para outros, é inegável o que essa grande obra representa para o cinema, ou melhor, a maneira como se vê cinema, como funciona sua interpretação dentro - e fora - das telas. Dirigido por Terry Gilliam e com um grande elenco, Os Doze Macacos é um filme fora de série, o ano é 2035, um homem é enviado de volta no tempo para encontrar informação sobre um vírus mortal que veio a matar cinco bilhões de pessoas entre os anos de 1996 e 1997, porém, ele acaba sendo enviado por engano para 1990, onde é mandado para um sanatório por pensarem que está louco. Neste local, o considerado louco James Cole conhece a Drª Kathryn Railly e o então interno, Jeffrey Goines, um doente mental com visões fanáticas, conseguindo fugir do sanatório em seguida, Cole consegue ir para o ano de 1996 onde sequestra Railly, usando-a para ajudar a encontrar o grupo 12 Macacos, que supostamente estão envolvidos na liberação do vírus mortal.
Durante o filme, conseguimos sentir a angústia do personagem, os momentos de clareza e os de ilusão, por vezes entramos na loucura de Cole e não conseguimos distinguir o certo do errado ou o que é de fato, realidade e o que é um mundo alternativo, um universo paralelo criado por ele mesmo para fugir do seu passado e seus temores. Podemos testemunhar diversos pequenos momentos onde presenciamos os sonhos do personagem, cada um de uma maneira diferente, mas sempre em um mesmo ambiente, envolvendo os mesmos indivíduos. Não sabemos se aquilo é real, se já aconteceu, se ainda vai acontecer, se é um sonho, uma realidade alternativa ou uma verdade irrefutável.
É uma viagem prazerosa os momentos no passado, uma clara observação e certeza, de que tanto o personagem, quanto nós, meros telespectadores passageiros temos, é de que nenhuma ação no passado irá interferir definitivamente o futuro, pois o vírus será liberado, a raça humana deixará de assumir o topo da cadeia alimentar, precisando se esconder em abrigos subterrâneos para sobreviver, isso é imutável. Mas ao mesmo tempo em que não interfere diretamente, apresenta momentos, breves ocasiões onde passado e presente se entrelaçam, onde ações do passado perduram até o futuro de James Cole, circunstâncias das quais Cole presenciou, apenas esquecera ou não se lembrava.
Estando em uma linha ilusória, começo a refletir se os motivos que levam o personagem, James Cole, a voltar no tempo não sejam sua própria redenção e o seu verdadeiro eu redescobertos, perto do fim nós conhecemos a verdade e o desfecho por trás dos sonhos do personagem, testemunhamos então, juntamente do personagem, o seu fim - e seu começo - e então compreendemos a trama, temos certeza de que aquilo é real, cada momento e história. Os Doze Macacos é um filme belíssimo, um tanto complexo como dito no início, mas que consegue emocionar em bons momentos, que faz reflexos acerca da sociedade e da raça humana, de como uma ideia pode ser implantada do mais simples diálogo ou imagem. Te leva a pensar se tudo aquilo é verdade, se aquele passado e futuro existem, ou se não estamos apenas vendo atos de um louco fugindo do sanatório - ou pior, enlouquecendo juntos - um grande trabalho do diretor Terry Gilliam e de todo o elenco, dando destaque para Bruce Willis e Brad Pitt, incríveis em seus respectivos papeis.
Para aqueles que não entenderam essa grande obra ou não apreciaram da maneira correta, vale uma revisada, este filme é daqueles para se observar cada detalhe de seu enredo e mais que isso, ter o prazer de embarcar naquela viagem, mais do que espectadores, mas participando da história.
“Não existe o certo nem o errado, só a opinião popular.”
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