BeetleJuice é o personagem mais icônico e inesquecível dentre os filmes que unem o sobrenatural e a comédia. Eu comecei a assistir Os Fantasmas se Divertem (pela primeira vez, vale destacar) com essa ideia na cabeça, já que o tal fantasma é homenageado em diversos meios de comunicação (quem assisti Community, aí?), a atuação de Michael Keaton parecia ser algo totalmente idolatrado e os pequenos momentos que me lembro da série de animação inspirada no longa comprovavam isso. Ao fim do longa é possível dizer que sim, BeetleJuice é um personagem e tanto, mas diferente do que eu pensava o filme não pertence a ele – algo que tinha deduzido ao ler o título em inglês.
Beetlejuice.
Quando Os Fantasmas se Divertem tem início acompanhamos a morte de Bárbara e Adam, um casal super normal que acabam se afogando após o tombamento de seu carro. Os dois se tornam fantasmas que são obrigados a permanecer em sua casa, o problema é que uma família arrogante e repleta de ‘luxos’ se muda para a casa fazendo mudanças drásticas na rotina dos protagonistas. Enfim, Adam e Bárbara decidem expulsar a família os assustando, mas sua inexperiência como seres do outro lado fazem com que o bizarro BeetleJuice seja a solução.
O mais curioso do filme é que ele não pode ser considerado totalmente uma comédia: Em raríssimas ocasiões o roteiro encaixa situações cômicas no meio da história apenas para fazer o público dar gargalhadas, as poucas piadas são eficientes e orgânicas surgindo na trama naturalmente - a sequência dos lençóis é, particularmente, hilária. E por mais incrível que possa parecer, Os Fantasmas se Divertem tem um clima adorável e automaticamente se torna um filme delicioso de ser assistido e com um ritmo acelerado (nem vi os noventa minutos passarem, e no fim, queria ver mais), mesmo tendo espíritos como protagonistas. Além disso, a construção do mundo dos mortos é fenomenal e muito divertida, levando-nos á comprar a ideia de que todos os fantasmas recebem um importantíssimo guia para recém-mortos que explica detalhadamente a vida após a morte e todas as suas regras (e várias sacadas como estas estão presentes no longa, e todas elas são convincentes e nada forçadas).
Beetlejuice.
Por outro lado, Os Fantasmas se Divertem surge como extremamente datado: A direção de Tim Burton é bem mais contida de que em seus trabalhos posteriores – já que ainda está no início de sua carreira -, mas nem por isso é menos bizarra. Infelizmente, a proposta de inúmeras sequências requeriam um uso altíssimo de efeitos visuais, que acabam ficando falsos e evidentes demais, estragando alguns momentos que poderiam ter sido bem mais satisfatórios se o filme tivesse sido feito uma década depois, e a trilha sonora também acaba atrapalhando um pouco pela falta de sutileza em algumas cenas. Voltando á direção, podemos notar que Burton tem cuidado em algumas sequências em criar um ambiente verossímil e repleto de detalhes bem trabalhados (o primeiro encontro entre BeetleJuice e os protagonistas impressiona pelas diversas texturas presentes na maquete) e ao dar uma profundidade impressionante á alguns momentos, mas em outros o cineasta acaba pecando por deixar a câmera quieta (especialmente em cenas agitadas) e impedir o espectador de ver totalmente o cenário focando nos atores que não param de se mexer.
Se tornando o grande astro do longa por ter o personagem mais estranho, Michael Keaton dá vida á BeetleJuice transmitindo todas as esquisitices possíveis, tanto na voz quanto no modo de falar, infelizmente o tempo em tela de BeetleJuice não é tanto (o que é bom, já que dá a oportunidade dos outros personagens também cativarem a platéia). Mas, pra mim, quem realmente merece um destaque é Wiona Ryder que apresenta semelhanças com Burton, e a composição da personagem é ótima e rende bons momentos. Além disso, ainda temos Alec Baldwin e Geena Davis como os protagonistas e a dupla acaba tendo uma química equilibrada e convincente, além de serem a principal fonte de carisma dos personagens.
Com uma conclusão previsível, mas eficiente, Os Fantasmas se Divertem é um dos poucos filmes que eu gostaria de ver uma releitura nos tempos de hoje: Confesso que os efeitos visuais tão comuns do cinema moderno ajudariam e muito a produção (até porque, essa nova geração passa longe de filmes com efeitos especiais de outra época). Mas se uma refilmagem não acontecer, pode ter certeza que também vou ficar feliz, pois ainda vou poder continuar me divertindo com o filme, mesmo sendo de 1988.
Beetlejuice.
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