-"VEJA NICK "O FEIO" MCGURK. MORREU TRAGICAMENTE AOS 25 ANOS...."
-"NOSSA!!! EU TENHO 25!!! O QUÊ HOUVE???"
-"PISARAM NOS DEDOS DELE."
-"E ELE MORREU DISSO???"
-"SIM. ESTAVA PENDURADO NO PARAPEITO DE UMA JANELA. PENSE NISTO."
Se por um lado John Landis (Um Lobisomem Americano em Londres) consegue bons resultados ao mesclar Terror e Humor em algumas de suas obras, por outro, quando o diretor dedica-se inteiramente aos risos, estes custam a aparecer - e quando surgem, sempre causam certa estranheza. Isso pode se dar pelo fato de, assim como Tobe Hooper (a quem considero um semelhante de Landis, cinematograficamente falando), o diretor não definir-se entre cinema, televisão e videoclipes, sem nunca concentrar-se num único ramo, oscilando bastante em sua irregular carreira. Comédia é um gênero que exige um timming preciso, do contrário nada funciona. E como Landis é um cineasta que se vale de excessos, exageros, não espanta nem surpreende o quanto Oscar - Minha Filha Quer Casar (1991) assemelha-se a uma montanha russa, sempre despencando abruptamente após ter atingido um alto nível de diversão.
O emaranhado de situações absurdas que ocorrem na manhã em que o ex-mafioso Angelo Provolone (Sylvester Stallone) decide tornar-se um banqueiro honesto (algo que eu julgo impossível de diferenciar de sua antiga ocupação) requer um fino trato não dado pelo diretor (indicado ao Framboesa de Ouro - a premiação mais imbecil da terra - por este trabalho), que opta por pautar seu longa quase que inteiramente nos maneirismos estereotipados geralmente atribuídos aos carcamanos no cinema. Pode até ser que o filme de Landis assemelhe-se bastante à peça teatral de Claude Magnier, na qual o filme foi baseado - e pela maneira como o diretor conduz o longa parece ser mesmo próximo daquilo visto nos palcos -, mas a comunicação do filme com o espectador acaba sendo falha.
Bons momentos sustentam nosso interesse pelo enredo (que acaba sendo realmente bastante enredado em certos pontos), principalmente quando os irmãos Finucci estão em cena, mas a escalação de Sly para o papel acabou sendo um tiro no pé da produção, já que comédia sem ação nunca foi seu forte (o resultado disso foi encorajar o astro a estrelar Pare! Se Não Mamãe Atira, filme que ele alega ter se arrependido de ter feito). O personagem exige uma elevação de tom quase over the top que Stallone nunca alcançou em momento algum na carreira (sempre imaginei Robert De Niro estrelando esse filme), restando à ele impor seu carisma para evitar um desastre maior.Mas aí vem o bom trabalho de edição e o bom toque de Landis, onde ambos trabalhos acabam sendo deveras eficiente ao orquestrar a disposição das cenas em um filme de uma hora e cinqüenta minutos dentro de uma mansão e seus cômodos, evitando que o longa pareça um loop interminável, mesmo chegando muito perto disso.
E embora tenha uma elegância visual aplaudível e uma interessantíssima adaptação da reformulação dos valores modernos transpostos para os anos 30, Oscar - Minha Filha Quer Casar não sabe tirar proveito de sua própria força. As situações, tão forçadas e absurdas quanto engraçadas, geradas a partir da premissa adotada poderiam ter sido melhor condensadas para extrair o máximo de cada uma delas, algo que não ocorre em nenhum momento até o final. Mas, justiça seja feita, isso não é tão culpa de Landis quanto do péssimo roteiro da inseparável dupla Michael Barrie e Jim Mulholland (Os Bad Boys), mais trôpego do que bêbado de avaianas andando na lama.
Trazendo Marisa Tomei em um de seus primeiros papéis no cinema, o elenco de apoio ainda conta com nomes experientes como Kirk Douglas, Chaz Palminteri, Tim Cury, Don Ameche (O Diabo Disse Não), a belíssima Ornella Muti (Flash Gordon), Kurtwood Smith (Robocop), William Atherton (Duro de Matar), Harry Shearer (Godzilla) e Martin Ferrero (Jurassic Park), sendo que todos eles muito mal aproveitados (Chaz Palminteri, por exemplo, só tem duas falas o filme todo), deixando aquela sensação de desperdício no ar. Como se não bastasse, aquela abertura em stop-motion é de um mal gosto quase inominável e pode tirar qualquer boa vontade de nossa parte para com o resultado final em si.
O que fica é a certeza de que Sly e a comédia pastelona não foram feitos um para o outro. Pelo menos até a parceria com Simon West. Não é um filme "inassistível", mas é decepcionante.
E aqui tudo parecia que ia dar certo, mas foimas uma furada.....
Não vi o filme, mas o comentário está muito bem urdido. O primeiro parágrafo está simplesmente perfeito.