O mundo atualmente está social, saímos com pessoas para comer, conversar, passear ou seja lá para o que for, companhia é algo que as pessoas necessitam, ainda que existam pessoas que gostem de passar um tempo sozinha, uma ótima companhia é o que existe de melhor para as pessoas, assim quando um pessoa morre socialmente falando, as coisas ficam um tanto mais complicadas, é essa a situação que o protagonista do Oslo, 31 de Agosto, melhor filme de Joaquim Trier está - com uma câmera solta, o diretor conta a história de um garoto, que está em recuperação após um longo período como usuário de drogas, Anders é o protagonista e o personagem que irá lutar contra a dependência química e outras drogas menores.
O filme não segue uma risca clássica - em filmes assim, geralmente acompanhamos a história de um viciado, em algum canto isolado do mundo e algum motivo causador do vicio - Trier segue outra linha, o garoto é inteligente, possui uma aparência interessante, é articulado e teve uma educação burguesa entre os polos da liberdade pessoal e conservadorismo, seus pais sempre foram rígidos, passando uma impressão peculiar do mundo, mas não puderam ou não conseguiram lhe dar elementos suficientes para que ele lidasse bem com a angústia da juventude ou a necessidade de encontrar-se, foi quando Anders encontrou as drogas.
O mundo conturbado do protagonista é jogado na tela logos nos primeiros minutos de duração do filme, a fotografia em tons de azul deixa a história sombria e dramática, só confirmada por uma atuação incrível - talvez a melhor do ator, até hoje - de Anders Danielsen Lie - constantemente perturbado, Anders começa e termina sua jornada com o intuito de tirar sua própria vida, algo que o diretor deixa livre para o espectador escolher o que de fato acontece depois da cena final.
O maior feito do filme é a sua condução do protagonista, a câmera segue Anders compartilhando momentos que são comuns para qualquer pessoa que tenha uma vida socialmente ativa (festas, bares, bebidas, sexo, conversas maldosas e fraternas, constrangimento, confissões, reflexões embriagadas ou sóbrias a respeito da vida) e correr de si mesmo, buscando, sem assumir inteiramente, um respaldo social, uma amizade ou um amor, Anders está de fato, no pior momento de sua vida, ele é uma garoto auto-destrutivo, não tem muitas conquistas, uma situação difícil.
O diretor conseguiu com muita cautela trabalhar um tema que para muitos ainda é sombrio, aqui de forma inteligente, Trier usa da cultura popular para colocar um algo a mais nos diálogos e nas situações rotineiras, um desfecho tão interessante quanto todo o desenvolvimento, a atuação de Anders como mencionei é uma das melhores coisas do filme, juntando tudo, é como se fosse uma dose de cocaína pura, adrenalina.
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