PRIMEIRA INVESTIDA DE SLY NA COMÉDIA RESULTA EM SEU PRIMEIRO GRANDE FRACASSO NA CARREIRA
Perguntado pela repórter brasileira Maria Fernanda Cândido, em entrevista exclusiva para o SBT, sobre qual teria sido o pior filme em que já tinha atuado, Sylvester Stallone ajeita-se na poltrona, ergue o olhar por um segundo e responde: "Pare! Se Não Mamãe Atira.". E, embora já tivesse flertado com a comédia em trabalhos como Tango & Cash - Os Vingadores e Oscar - Minha Filha Quer Casar, foi só com este Pare! Se Não Mamãe Atira (1992) que Sylvester Stallone mergulhou de vez no gênero. E pode-se dizer que o filme de Roger Spottiswoode (007 - O Amanhã Nunca Morre; O Sexto Dia) foi o primeiro grande fracasso comercial da carreira de Sly, em qualquer parte do mundo.
A grande questão do filme é que seus pontos fortes não passam pelo protagonista Joe Bromowski (Sly), mas sim por Tutti (Estelle Getty), sua mãe. Todas as piadas funcionais tem sua participação direta. E há um motivo para ral. Tutti tem um pouco da mãe de cada um de nós e se vale do exagero para interagir com o espectador, quase sempre bem sucedidamente. O escancarado desconforto de Stallone na maioria das cenas por vezes cede espaço para uma boa interação com Getty, mas o timming da dupla é terrível. A escolha de Stallone para este papel não foi das mais felizes (se era necessário um astro de ação carismático, Bruce Willis ou Arnold Schwarzenegger encaixariam-se bem melhor).
E o filme ainda tem três outros problemas bastante graves: o primeiro é a direção confusa e notoriamente insegura de Roger Spottiswoode. Numa péssima empreitada aqui, Spottiswoode não acerta nada do início ao fim. Suas cenas de ação são sem graça e as cômicas parecem sempre deixar algo passar. Nem mesmo planos belos ou mesmo capazes de distrair o espectador foram elaborados pelo diretor. O segundo é a produção desleixada em muitos momentos, por mais irrelevantes que estes possam parecer. Em muitas tomadas, por exemplo, nota-se o uso de uma dublê muito mais alta, magra e jovem do que Getty, sendo que em muitas destas tomadas, o rosto está estrategicamente (mal) encoberto por algum objeto de cena. Sem falar na ausência de recuo nas armas disparadas pela velinha. O terceiro - e aí não é falha, é trabalho ruim mesmo - fica por conta da música tema de Allan Silvestri (O Predador), que compôs temas tão ruins que lembram programetes juvenis de fim de tarde. Parece que nenhum tema encaixa-se na cena para a qual foi desenvolvido. Não duvido que tenham sido reaproveitados do acervo pessoal de Silvestri.
Risadas surgirão, com certeza, mas eu esperava mais da primeira comédia protagonizada por Sylvester Stallone, um dos meus astros de ação favoritos. Ainda consigo rir com muitas situações (o "eu gosto da minha vida" sempre me arranca uma gargalhada), mas o filme sempre cai um pouco no meu conceito a cada. Talvez seja hora de deixá-lo um pouco de lado.
Concordo, Felipe. Eu dou muita risada nessa cena, mas de constrangimento.....
Eu acho o filme até divertido, mas o Stallone esta constrangedor mesmo no filme.
Eu gosto da personagem da mãe dele.