Persona - Quando Duas Mulheres Pecam
BERGMAN, AGORA ATACANDO O PECADO DO PASSADO NO FUTURO
Envolvendo a psicologia desta vez, de forma genial e tão astral para que até as cores façam sua parte fundamental, Bergman deixa seu filme Persona – Quando Duas Mulheres Pecam, um verdadeiro poço de enigmas. Já consagrado por outros clássicos e geniais filmes como Morangos Silvestres(1957) e O Sétimo Selo(1957), Bergman desta vez usa a máscara, que na concepção de Yang, além de ser apenas uma máscara muito usada nos teatros antigos, era também uma forma de assumir um novo caráter sem relação com o seu verdadeiro, assim o substituindo. Com esses e outros enigmas e momentos-chaves é que Bergman constrói Persona, por exemplo...
Como explicar o prólogo? O olho do animal parecendo em uma sessão de lobotomia, as cores preto e branco mostrando toda a desgraça e o desenho que se passa de ponta cabeça de uma senhora se enxugando com as mesmas roupas que as protagonistas usam? A característica da fotografia se encaixa perfeitamente tanto nas roupas quanto no clímax de clínica psiquiátrica. A adoração que se vê pela imagem refletida na tela por uma película de um rosto? A dúvida sobre Alma sobre Elisabeth são algumas peças que Bergman encaixa.
O drama na qual ela sofre com o olhar tenso e pálido diante da plateia assustadora que havia deixado adoentada. O sonhar de ser e não de aparecer ou ser exposta, de ser destruída, ao momento em que se passa à ficar irritante para Elisabeth, o que os outros querem entender ou acham que entendem dela, algo parecido como suícido, não? Bom essa dúvida é tirada no filme, mas o interessante é que o padrão da câmera de Bergman, por exemplo em cenas sobre a doutora falando com Alma(Bibi Andersson), deixa de lado o filme e passa a ser um breve questionário como feito em documentários. Ao momento da transição, Bergman põem a peça de que ao envolvimento da paciente com a enfermeira para que as faces se trocam e cada uma ocupa seu lugar contrário. Ao momento em que a câmera faz seu papel de mostrar a beleza das suecas, mostra também o singelo olhar de Elisabeth e a curiosidade e interesse de Alma. A chuva que caí como uma beleza à vistas para o clímax e as roupas escuras que completam o branco para o fazer preto e branco.
Do tormento de cada frase e fala, é engraçado como Bergman põem cada atriz até de modo literal na transição do papel contrário. O belo branco da praia e da cama e o preto dos vestidos. Aos detalhes que se deparam de Alma para Elisabeth. Ao se informar pelo chamado “indecente”, Bergman põem de modo que Alma não se oponha ao descarado mas sim ao triste e à felicidade de modos curiosos e bem contados enquanto vemos em diante os olhares pelas janelas, o pensamento e até mesmo à escuridão de modo literal e fiel chegando à face de Elisabeth em uma cena das mais clássicas e lembradas do filme.
Nas técnicas da iluminação cada item significa algo, o pão, o vinho e a vela nos deixa por exemplo dentro da conversa e nos faz referência à religião se ligados aos factos dos prólogos, a porta que mostra um vazio brilhante profundo sobre o branco junto com o vento que bate nas longas cortinas brancas onde lá aparece uma pessoa, o movimento da mesma com vestido reflete tanto como os das cortinas, até mesmo o barulho do navio se torna especial. Se passando pela fase branca para a negra como antes que profundou o rosto de Elisabeth temos a clássica cena que mostra as duas juntas no negro, preto vazio como se uma fizesse parte da outra como na história contada por Alma sobre a Katerina.
Fazendo claras referências tanto ao cinema quanto à ao teatro e a arte da interpretação em si, Bergman também usa o hobby da fotografia no filme fazendo claras partes da duas envolvidas. O clima sueco ainda possui o seu charme arrasador, das florestas. Da transição que Alma percebe que aquela mulher que dizia antigamente, que fazia parte de si mesma de um modo desconfortante se torna sua própria paciente, ao estado de que não mais Alma estaria cuidando de Elisabeth e sim ao contrário. Da fotografia ao cenário e figurinos lembram até mesmo, filmes orientais dando uma atmosfera interessante com árvores, maiôs típicos e chapéus bem parecidos. Das volta ao prólogo a olho, à mão sendo perfurada e até mesmo dos cortes e queimadura na própria cena do encontro assustador que tanto queria ter com Elisabeth até então depois da descoberta horrorosa de que a paciente está cuidando da sua enfermeira. A caída sobre o vestido na tela que ofusca totalmente é um dos símbolos da fotografia visionária do encontro tão forte que seria então, acionado. Sugam todas as energias como se fosse um mal-estar grande e indescritível, uma verdadeira doença que dessa vez não atacará a paciente e sim a enfermeira.
A separação parece tão próxima quanto a junção das duas, tanto na praia como na casa da doutora, o sentimento de vertigem, aquela pequeno sentimento de sedentarismo atacado após perder aquilo que te enfraquecia mas ao mesmo tempo deixava confortável.
Irreconhecimento então, é pregado por Bergman como não apenas forma psicológica, mas também, a dualidade se instiga no rosto de uma forma visual maravilhosa até mesmo em fotografia
Qual seria a forma padrão da consulta ou do tratamento? O passado que ataca fortemente o futuro de forma tão igual de diferente maneiras e modos, e a simplicidade da vida, saber o que fazer não tem explicações, já está tudo certo, assim como o destino. O gosto de cuidar da sua própria enfermeira ataca de forma tão astral como ela foi se envolvendo e tornando o mal que antes a própria Alma tinha. O gosto de ver as coisas pegando fogo e ver o medo genuíno de morte. O pecado que mesmo depois de já ter acontecido no passado, assim como o câncer, pode lhe atacar novamente...
Escrito por, Ricardo do Nascimento Bello e Silva
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