UM FENÔMENO DE EQUÍVOCOS
Poltelgeist - O Fenômeno (Poltergeist, 1982) é cultuado até hoje como um dos maiores e mais amaldiçoados filmes de terror de todos os tempos. O filme traz o mestre Steven Spielberg como produtor e roteirista e Tobe Hooper, criador de outros clássicos do terror como O Massacre da Serra Elétrica (The Texas Chainsaw Massacre, 1974) e Pague Para Entrar, Reze Para Sair (The Funhouse, 1981) na direção. Além de um bom elenco, o filme foi indicado ao Oscar nas categorias Melhor Trilha Sonora Original, Edição de Som e Melhores Efeitos Visuais e ganhou duas seqüências interessantes em 1986 e 1988.
Porém, o que culminou para toda a mística envolvendo o filme, tornando-o uma das mais temidas obras do terror da história, foi o fato de quatro atores dos dois primeiros filmes terem falecido até o ano de lançamento da terceira parte, em 1988. Em 4 de Novembro de 1982, a atriz Dominique Dunne, que interpreta Dana Freeling, no primeiro filme, fora estrangulada pelo seu ex-namorado, John Thomas Sweeney, pouco mais de duas semanas antes de completar 24 anos. Sweeney fora preso em 1983 e solto em 1988. Para a seqüência, Dunne foi substituída pela atriz Meg Tilly no papel de Dana. Em 13 de junho de 1988 Heather O'Rourke (a menininha linda que interpreta Carol Anne), devido a uma falha congênita no final do seu intestino, sofreu um ataque cardíaco devido o choque séptico e morreu na mesa de operações do hospital aos 12 anos de idade. Um erro médico no início de 1987, diagnosticara equivocadamente a menina como sendo vítima da Doença de Crohn (doença degenerativa e incurável) recebendo tratamento por cerca de um ano para controlar uma doença que, na realidade, nunca tivera. Julian Beck, bom ator, que interpreta Kane no segundo filme, faleceu de câncer no estômago em 1985, aos 60 anos. Will Sampson, que interpreta Taylor, também no segundo filme, falecera em 3 de julho de 1987, também vitima de câncer.
Porém, mesmo com tamanho reconhecimento, grandes nomes (leia-se Spielberg e Hooper) envolvidos e com uma "maldição" em torno do filme, Poltergeist está longe de ser um grande filme, ainda mais se for analisado como filme de terror. Entediante e tedioso em sua maior parte, o filme está bem mais para uma aventura fantasmagórica com toques de comédia (como Os Caça-Fantasmas) do que para um terror. O filme não mete medo em ninguém . Não há uma só cena que desperte tensão, suspense ou que represente perigo real àquela família. Até as músicas lembram Os Goonies e E.T.- O Extra-Terrestre. Na verdade, acho que o filme se vendeu de forma equivocada. Com muitas cenas ridículas, como os espectros que saem da tv e circulam pela casa; a árvore que tenta engolir o filho do casal; a mãe que brinca e se diverte com os espíritos que movem as coisas dentro de casa; o palhaço de pano que ataca Robbie e Diane sendo arrastada pelas paredes e teto (apesar de essas duas cenas serem clássicas e parodiadas até hoje). Mas a minha favorita é quando, nos últimos cinco minutos - ou seja, a família já tinha visto e enfrentado os mais "horríveis" fenômenos- Dana pára enfrente à sua casa durante mais uma manifestação e grita desesperadamente "O que está acontecendo???" quatro vezes!!!!
As atuações de Craig T. Nelson e JoBeth Williams convencem como casal. Mas o destaque fica mesmo para a lindinha Heather O'Rourke. A menina dá um show de simpatia na tela.
Os últimos 20 minutos de filme talvez sejam os melhores, mas o filme se arrasta demais (são 115 minutos). Talvez cortar uma meia hora de filme não tornaria o filme tão desgastante. Diferentemente de O Exorcista (The Exorcist, 1973) Poltergeist envelheceu muito mau. Os efeitos, tão aclamados à 31 anos atrás, hoje parecem reciclados dos filmes da Xuxa. Um remake, nas mãos de um diretor competente (quem sabe o próprio Spielberg?), seria bem-vindo e daria vida nova a série.
Encarado como uma aventura, o filme até diverte. Agora, se você procura sustos ou coias do tipo, procure outros títulos, pois este fenômeno que foi Poltergeist, não assusta nem criancinha com medo de palhaço.
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