Nunca deixando a ironia de lado, Allen nos confere, dessa vez, um drama. Alguns de seus elementos próprios sempre presentes em suas comédias neste filme ele deixa para trás. E apesar de uma forma não tão direta ele ainda nos proporciona os seus grandes e inteligentes diálogos, dessa vez, presente de forma menos agressiva e critica. O poder de questionamento e sentido da vida que vem embutido na maioria de seus filmes, nesse também é encontrado. Dessa vez, o filme é centrado ao poder da sorte, ou possivelmente do azar. Mostra como o poder do acaso pode mudar completamente uma situação, uma vida.
Allen não nos da chance de nos aproximarmos do personagens, de apesar de nos identificarmos não nos da a intimidade suficiente para vivencia-los. Mas isso acaba não se tornando um ponto fraco, o filme tem uma visão imparcial de seus personagens, não julga seus atos, não condena de forma alguma os personagens, e também não nos faz ter piedade, somente espoe de maneira fria suas medíocres vidas azaradas ou sortudas. Apenas peca no ponto onde os personagens não convencem, a relação não é fria somente com os espectadores, mas entre os personagens também.
Apesar de Woody Allen não demostrar o mesmo amor que ele tem por Nova York, as cenas são extremamente bem filmadas, contendo passagens belíssimas da cidade de Londres.
Como em todos os seus filmes contém um final indiscutivelmente inesperado e competente. Incluindo a nítida relação entre a primeira cena onde o protagonista joga tênis e a bola está para cair pra dentro ou pra fora da rede, e uma cena já no final do filme onde dessa vez uma aliança é jogada e está para cair no rio ou na calçada. Essa relação, que de inicio parece banal, acaba complementando muito bem o filme e sua "tese" sobre sorte e acaso. A cena da aliança acaba sendo o ponto trivial do filme, onde discretamente a trama é resolvida. Se a sorte não tivesse dado um empurrãozinho e contrariado a vontade do protagonista em relação ao destino da aliança, se o planejado para a aliança tivesse acontecido, a resolução dessa história seria contrária.
O filme conta a estória de Chris (Jonathan Rhys Meyers), um tenista irlandês que decide deixar tudo pra trás e viver em Londres como instrutor de tênis. Acaba se aproximando de um de seus alunos, Tom (Matthew Goode) e da vida social da sua rica família. No decorrer do drama, Chris se casa com a irmã de Tom, mas se apaixona pela sua ex noiva, Nola (Scarlett Johansson) e acaba se encolhendo num romance conturbado, contendo na seqüência até um crime inesperado.
Scarlet Johanson é algo como uma amante destruidora de lares, mas como o filme não nos da o prazer de julgar seus personagens, ela exerce somente aquela que da base para a trama acontecer, ela é aquela que da um toque clichê de errotismo, mas indispensável.
Já Jonathan retrata muito bem Tom apesar de exagerar em algumas cenas, mostra de forma clara como a comodidade e a ambição podem se tornar monstruosas.
Match Point é de longe uma obra-prima, é mais um dos milhões de filmes que Allen nos oferece todo ano, com seus pequenos diferenciais é, infelizmente, mais um. Nunca será um filme memorável, só não passa batido, devido ao reconhecimento que o final nos da a importância da sorte.
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