O primeiro passo para a consagração de dois grandes cineastas das história do cinema, Clint Eastwood e Sergio Leone, sem esquecer de Ennio Morricone, que teve papel fundamental na carreira de Leone e compôs trilhas de imensa identificação com o gênero. O diretor italiano recriou tudo o que John Ford, Anthony Mann e Howard Hawks haviam vinculado, modificando todo o estilo de filmagem, a figura do personagem principal, e, especialmente, tornou-o violento e imprevisível.
O roteiro não apresenta tanta criatividade quanto seus futuros irmãos, mas é eficiente naquilo que propõe. O filme é um remake não creditado do clássico de Akira Kurosawa, Yojimbo – O Guarda Costas. O diretor chegou a pedir parte do lucro do filme: “É um ótimo filme, mas é meu”. Um estranho (Clint Eastwood) chega à uma pequena vila, chamada de San Miguel, em busca de emprego e dinheiro. A cidade é dominada por duas gangues rivais, os Baxters e os Rojos, ao receber proposta de ambas partes, o estranho aproveita-se da situação para ganhar dinheiro e aceitas as duas propostas.
A direção de Leone desborda criatividade, criando um modo de filmagem singular, que viria a influenciar no estilo de vários diretores italianos e até mesmo de outros paises e gêneros – e épocas, Quentin Tarantino e Robert Rodriguez tiveram forte influencia do estilo. Os ângulos de filmagens utilizados por Leone são quase sempre excêntricos e eficientes, o recurso zoom, contrastes de amplitude e closes, os aspectos de filmagem do faroeste italiano se tornaram marcantes e facilmente reconheciveis, com o estilo de Por Um Punhado de Dólares sendo a peça fundamental para a criação e inspiração do western spaguetti.
Visando algo mais ambíguo, Leone modificou toda a figura do personagem principal, vista até então no western americano como o herói, o honesto, o perfeito. John Wayne tornou-se o modelo de masculinidade a ser seguido, demonstrando ser imponente em seus personagens, sempre com características óbvias. Buscando uma maior imprevisibilidade, Leone criou um anti-herói de valores questionáveis e caráter ambíguio, sempre chegando com ambições, capaz de realizar qualquer coisa para concretizá-las. Leone buscava aspectos detalhisticos para acentuar essa figura, como por exemplo, os vicios presentes em seu anti-herói, e Clint Eastwood, não fumante até hoje, aceitou o apelo de Leone para que se corrompesse ao fumo nas gravações, com isso nasceu a marcante cigarrilha que esteve presente em toda a trilogia dos dólares.
Em seu início, o western spaguetti sofria grandes preconceitos – e ainda sofre – pelo seu alto nível de violência. O fato é que aquelas histórias aventureiras tradicionais e de pouca violência do faroeste americano, enaltecendo o heroismo, nunca fizeram parte do catálogo italiano de contar suas histórias. Os roteiros criados eram sempre voltados para algo como ambição pelo poder, assaltos e especialmente vingaças. Com isso aumentaram a quantidade de cenas de violência e o heroismo foi deixado de lado em terras sem lei, onde cada homem carrega sua honra em um cinturão.
A visão “Leonizada” de como realmente era o velho oeste tornou o gênero capaz de criar histórias espetaculares e impresíveis. A busca pela igualdade estética da época retaratada o fez realizar modificações significativas. Leone precisou apenas de 200 mil dólares para realizar sua primeira obra, “Era um caos financeiro, mas Leone tratva tudo com a maior naturalidade”, Clint Eastwood sobre o filme. Poucos sabem, mas apesar de Por Um Punhado de Dólares ser intiltulado como o primeiro western-spaguetti, não foi o primeiro western produzido na Itália, cerca de 25 filmes o antecederam, mas o de Leone foi o primeiro a ser conhecido internacionalmente. Inapagável na história do cinema, o faroeste italiano é um sub-gênero de riqueza tão equivalente quanto o genuíno faroeste americano, e merece atenção e respeito por suas grandiosas obras.
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