"Acabei de lembrar de uma coisa!"
É chover no molhado falar tanto sobre a força da Pixar e a posição de destaque que o estúdio conquistou no cinema mundial desde o primeiro Tory Story, há mais de 20 nos atrás (!), como de sua trajetória que, se um dia pareceu quase perfeita, está cada vez mais derrapante nos últimos anos, não apenas em função de continuações distantes em qualidade e originalidade dos seus filmes originais (Carros 2 sendo o ponto mais baixo do estúdio até agora), quanto de filmes originais que mal parecem um produto Pixar, como o filme anterior a esse Procurando Dory, O Bom Dinossauro.
Sim, o preciosismo técnico do estúdio segue em um nível bastante difícil de competir e basta olhar o oceano ainda mais realista e cheio de detalhes e personalidade criado nessa sequência para se maravilhar. Porém, é inegável que enquanto acerta no roteiro de obras sensacionais como o recente Divertida Mente, a Pixar anda aprovando roteiros preguiçosos ao extremo, afinal, esse seu mais recente filme é uma daquelas continuações que mais parecem uma refilmagem do original feita para ganhar mais uns trocados do que uma obra interessada em aprofundar seus personagens. Daí que se Procurando Nemo era uma animação poderosa, cheia de personagens carismáticos que pareciam capaz de render diversas novas aventuras, ainda que por si só o filme não "precisasse" delas e diálogos prontos para emocionar crianças e adultos com a jornada de amadurecimento de um pai, seu filho e da relação entre eles - e Dory falando que se Marlin insistir em proteger Nemo nada vai acontecer a ele, mas também nada vai acontecer a ele, segue um momento difícil de esquecer -, Procurando Dory é um filme por vezes até bobo, na falta de uma palavra melhor, com frases que doem nos ouvidos, como "vai pra lá e esquece, é só o que você sabe fazer mesmo" e aquele clímax exagerado que parece saído de outro filme.
O lado bom é que o diretor e roteirista Andrew Stanton e seus companheiros continuam mestres em criar personagens carismáticos - Hank e Gerald, por exemplo, são hilários sem dificuldades - e cenas que devem fazer os mais sensíveis chorar - sério, os caras te emocionam com a imagem de uma trilha de conchas!! Aí fica até fácil esquecer aqueles flashbacks desnecessários e cada vez mais apelativos com uma Dory ainda criança, ou a estrutura narrativa excessivamente episódica e que parece andar em círculos em certos momentos. E se esses tais "círculos" incomodam em diversos momentos, é preciso admitir que Dory segue uma personagem excelente e seu amadurecimento aqui é acompanhado com prazer, ainda que, no entanto, fique nítido que os roteiristas esqueceram a evolução da relação de Marlin com a peixe desmemoriada no filme anterior, já que, de início, apostam em uma dinâmica desgastada apenas para recuperar tudo com a frase candidata a estampar camisas que pergunta "o que a Dory faria?".
O que, infelizmente, é um sinal - confirmado até os créditos finais algumas vezes - de que, assim como em Carros 2 ou Universidade Monstros, a Pixar está sem grandes ambições pisando em terreno fácil, apostando em um universo já conhecido do público, apenas para aumentar seus bilhões de dólares. O que não é ruim, claro, mas também não nos deixa apreciar um novo Toy Story, aquele tipo de filme que nos marca por anos e anos, que em uma época tudo que o estúdio fazia...
Se nem tu curtiu, já vi que é ruim.
pra quem não curte muito os personagens da Pixar, é bem fraco mesmo
Poxa. Você ao menos viu coisa legal no filme. Tão detonando ele geral. Eu gosto da Pixar. Valeu