“A próxima vez que o cara vier limpar sua piscina, ele vai dizer: ‘Desculpe Sr. Kub, mas eu acho que tem um pouco de água no seu sêmen.’"
Acho que o melhor elogio para um filme que retrata uma festa deve ser o desejo despertado no espectador de participar dessa festa, não? Pois, Projeto X - Uma Festa Fora do Controle consegue isso e muito mais.
A trama é aquela coisa batida que deixou de ser original em algum momento lá pela década de 80 ou, no máximo, 90: um grupo de adolescentes deslocados do universo colegial que habitam decidem dar uma festa que ficará marcada na história e, consequentemente, os tornará populares entre as gatas e os atletas que parecem sempre ocupar o pódio da escala social. Os pais de um deles, o aniversariante Thomas (Thomas Mann) viajam, um outro espalha a notícia da festa (Oliver Cooper), aí você adiciona na fórmula muita droga (bebida liberada inclusa, claro), mulheres desfilando seminuas na beira de uma piscina, muita música que dá vontade de mexer os pés e, claro, aquele desejo latente dos jovens de "se darem bem" ao longo da noite e, bum, a festa logo atravessa a noite e vira uma confusão generalizada da qual é fácil querer participar.
O que então torna Projeto X tão especial? Em primeiro lugar, o fato de podermos realmente sentir a empolgação daquela festa. A dimensão da coisa toda. Você não precisa aceitar as falas dos personagens sobre aquela ser a maior festa de todas. Você VÊ que a festa realmente é (ou passa muito perto disso). Em segundo lugar, o fato de o filme se aproveitar de um estilo que vinha sendo mais explorado no terror, o found footage, para criar um retrato da geração Y, pra quem viver uma experiência sem registrá-la com um smartphone parece invalidá-la imediatamente. Não basta fazer. É preciso fazer, filmar, publicar na internet e fazer com que o máximo de pessoas vejam. O reconhecimento deixa de ser uma recompensa por algo feito e passar a ser o objetivo em si, não importando o que precise fazer para atingi-lo. Daí a ideia de filmar tudo sob a perspectiva de câmeras diegéticas, como se o filme fosse uma reconstituição de gravações ocorridas por participantes da festa (há até um agradecimento às pessoas que cederam as imagens para o estúdio) ser menos um mero recurso estético (apesar de parecer quando Nima Nourizadeh esquece sua abordagem e insere cenas deslocadas da proposta, como câmeras lentas e tomadas que não convencem se pararmos pra pensar em como foram registradas) e mais um recurso narrativo realmente válido.
E há também o crescente que o filme assume e só abandona lá perto do fim. Não há concessões em Projeto X: os personagens se entopem de drogas, as garotas desfilam toda hora com os seios de fora (e hoje em dia requer coragem para um filme adolescente exibir peitos, já que a maioria deles parecem tão caretas), a polícia é atacada em uma quase guerra civil e até um cachorro é vitima de uma brincadeira pouco saudável em dado momento. O ritmo é intenso e nisso a montagem e a própria música contribuem muito. Ok, os atores não são grande coisa, nem passam perto do carisma do trio de Superbad – É Hoje (até por que o carisma de um trio que conta com Michael Cera é difícil de alcançar mesmo), pra ficar em um exemplo recente de filme com adolescentes loucos para transar, e Miles Teller interpretando uma versão cinematográfica sua podia ser mais aproveitado, mas isso nem chega a depor contra o longa (até por que as gracinhas Alexis Knapp e Kirby Bliss Blanton compensam isso sempre que aparecem).
Até por que o saldo é mais que positivo, principalmente quando a festança acaba e mesmo tendo que arcar com as consequências da perda de controle do evento, o protagonista conquista aquilo que todo jovem busca: impressionar os pais (o pai do garoto que o achava um perdedor fica embasbacado com o alcance de sua festa), mesmo que não da melhor maneira, e conquistar aquela garota por quem nem sabia ser apaixonado. Foda mesmo é lidar com a vontade de ter participado da festinha quando os créditos sobem...
Esse filme é ótimo e foi boa a lembrança de Superbad, realmente tem muito a ver.
Confere o filme, Marcelo, como viu pelo texto e pelo comentário do Raphael ali, vale a pena 😎
Ainda não conferi esse, mas gostei de Superbad. Portanto, se o Pedrão falou, deve ser bom.
Vai firme, Cristian, a vibe é a mesma de Superbad 😏