Talvez o melhor faroeste de André De Toth seja justamente este no qual abdica da violência para exatamente se utilizar de sua ausência para dar tom a obra. A história é mínima: uma pequena vila, com umas duas dúzias de habitantes está em tensão devido aos desentendimentos internos com o arrogante personagem de Robert Ryan, Blaise Starrett, porém de repente são rendidos por um bando perigoso que procura abrigo durante uma fuga. Estabelecida a situação resta a todos apenas esperar.
E boa parte do filme se dá pela espera, não se sabe o que irá acontecer, o roteiro, de Philip Yordan, colaborador de Anthony Mann e que permeou o western em sua época durada, brinca de sugerir a violência desde o primeiro diálogo, ainda quando um embate armado entre Starrett e um dos rancheiros está iminente. Quando se imagina a explosão do confronto, o bando interrompe e a tensão criada freia o avanço, ressurgindo numa nova atmosfera, mais pesada e ameaçadora.
E o cenário se estabelece este, a cada nova ameaça surge a expectativa, a narrativa se sustenta pela espera e pela ausência da violência que permanece limítrofe a cena. Os diálogos e os olhares acabam por manterá a atmosfera apenas dessa maneira, a espera, o anseio, a tensão, a imposição dos corpos, sem falar dos recursos naturais, utilizados por De Toth, eficientemente, como elemento enclausurador, que rima com a frieza da situação que nunca se exalta, nenhum tiro é disparado.
Mas após a invasão dos criminosos ao local, os antes “rivais” agora encontram-se na mesma condição, de reféns, responsáveis por livrar a vila da ameaça. Assim então nosso protagonista se revela improvável herói, uma vez suposto vilão, percebe ele que apenas si próprio, cabendo-se de sua astúcia tem a capacidade fazer o que é necessário. E neste arco se resolve esta obra extremamente atmosférica de De Toth, que não inclui qualquer julgamento sobre a índole ou moral do personagem, para quem enxerga sua virada com uma redenção, não trata-se disto, ele abraça a causa pois aquela terra era sua terra.
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