Mesmo não tendo o mesmo reconhecimento que as obras maiores do diretor Sergio Leone, Quando Explode a Vingança é mais um grande filme da sua filmografia, e não fica devendo nada às suas grandes Obras-Primas como Três Homens em Conflito da Trilogia dos Dólares e Era uma Vez no Oeste. Tudo porque Leone sempre soube equilibrar seus filmes com humor, crítica, ação e técnica, dando mais uma aula de se fazer cinema. E neste aqui, Sergio Leone reúne todos esses aspectos usando como plano de fundo a Revolução Mexicana de 1913. Assim como em quase todos os seus filmes, o diretor, conta sua história explorando e fazendo estudos sobre a Guerra, Revoluções ou períodos que deixaram seu lugar na história.
Já matamos a saudade daqueles closes perfeitos nos personagens, logo na primeira cena. Quando Juan Miranda está armando uma emboscada para um grupo de burgueses, dentro da carroça, ele ouve todos os tipos de desrespeitos contra o seu povo. Leone foca cada boca, cada olho, e nos faz literalmente ler os lábios dos personagens. Como se estivéssemos prestando atenção no discurso de cada um, assim como Juan. E assim, Quando Explode a Vingança tem um punhado de cenas que só Leone sabia fazer. As explosões muito bem filmada eram de um realismo incrível. Vemos cada plano, cada destroço, cada pedaço voando, e cada pessoa atingida como se estivéssemos mesmo assistindo a uma explosão.
Criar personagens também é um dos fortes do diretor. O ladrão Juan Miranda e o especialista em dinamites John H. Mallory não ficam devendo nada aos personagens mais famosos dos faroestes de Leone. Rod Steiger (Juan) e James Coburn (John) Conseguem ser tão carismáticos e presente em cena quando Clint Eastwood e Charle Bronson. Cada filme tem seu personagem próprio com características individuais e únicas, mas todos parecem ter uma certa ligação. Aqui, o trambiqueiro não tão trambiqueiro e o mocinho, não tão mocinho. E é isso que faz dos persongens de Leone, pessoas tão únicas. O tratamento dado aos personagens consegue ser tão eficiente quanto todo o tratamento do resto do filme. São personagens maus, bonzinhos, engraçados, mentirosos, mal educados, trapaceiros, enfim. São personagens com características únicas que mais cedo ou mais tarde estaremos familiarizados.
A primeira metade de Quando Explode a Vingança,, tão cheia de humor e dos jogos de gato e rato que estamos acostumados a ver quando se trata de Leone, já avança ao menos um tema novo: a injustiça social e a participação política. E é em meio a Revolução Mexicana que Leone debate sobre o poder político, a burguesia e tantos outros temas. A cena em que Juan Miranda olha pela brecha do vagão do Trem, a chacina feita pelos soldados é antológica e talvez um dos melhores momentos do filme. Leone, sem qualquer diálogo, estuda o interior do personagem, que outrora era rude, revoltado e ranzinza e sua expressões o mostra como um homem indignado com a situação e ao mesmo tempo a invalidez por não poder fazer nada.
Leone e Morricone são talvez uma das melhores duplas que o cinema já teve. É incrível como em cada filme o compositor consegue deixar sua marca e nos presentear com momentos fascinantes orquestrados pela incrível trilha sonora. E apesar da longa duração, os minutos passam voando. Um grandioso filme!
Texto simples, direto e eficiente!
Também achei os personagens principais ótimos e amei a trilha de Morricone, sempre excelente nesse aspecto.
Tá mesmo muito simples. Hoje em dia, relendo-o, vejo que tinha muito mais a dizer. 😉
\"Leone e Morricone são talvez uma das melhores duplas que o cinema já teve.\" De fato, sim, realmente são.
Filme espetacular.