(Spellbound, EUA, 1945).
Diretor: Alfred Hitchcock. Elenco: Ingrid Bergman, Gregory Peck, Michael Chekhov, Leo G. Carroll, John Emery, Rhonda Fleming, Norman Lloyd, Steven Geray, Donald Curtis, Art Baker, Regis Toomsey, Paul Harvey, Bill Goodwin.
Uma clínica para doentes mentais está para mudar de direção. O novo diretor, ao chegar, surpreende os médicos por ser muito jovem e por seu comportamento estranho. A psicóloga, Dra. Constance, se apaixona por ele, mas descobre que ele é apenas um doente mental, que sofre de amnésia e se faz passar pelo diretor substituto. Suspeito de ter assassinado o verdadeiro novo diretor, ele demonstra não se lembrar de nada referente a seu passado, nem mesmo de seu próprio nome, ou do que teria acontecido com o homem que assumiria o cargo, o Dr. Edwards, conceituado psicanalista, autor de livros, mas que, ao que parece, não é conhecido pessoalmente e se encontra desaparecido.
Filmado na época em que estudar Freud estava em alta, “Spellbound” traz roteiro de Ben Hecht, baseado no romance “The House of Dr. Edwardes”, de John Palmer e Hilary St. George Sanders. O produtor David O. Selznick (de “E o Vento Levou”) queria que o filme fosse baseado em suas experiências com psicólogos, o que fez com que contratasse sua psicóloga para ser consultora durante as filmagens. Foi um dos primeiros filmes realizados em Hollywood a usar a psicanálise na trama, o que fez com que seu roteiro contivesse explicações em excesso, inclusive inserindo um prólogo, com orientações em texto.
É um filme onde não há suspense, e sim mistério. Segundo Hitchcock: “o suspense só acontece quando o espectador possui informações importantíssimas para a trama, e que são desconhecidas pelo personagem; enquanto que o mistério é uma interrogação intelectual destituída de emoção”. O filme traz duas seqüências famosas: a do primeiro beijo do casal, quando diversas portas se abrem simbolizando a libertação sentimental da personagem; e a cena do disparo do revólver, onde foi usada uma trucagem para não desfocar a imagem de fundo: criaram uma mão gigante e um revólver quatro vezes maior que o normal para seguir apontando para a personagem de Ingrid Bergman e depois se virar e atirar na direção da câmera.
Foi premiado com o Oscar de Melhor Trilha Musical para Miklos Rozsa (o mesmo de “Ben-Hur”), e foi indicado também para Melhor Filme, Direção, Ator Coadjuvante (para Michael Chekhov), Fotografia e Efeitos Especiais. O péssimo título em português: “Quando Fala o Coração”, é apelativo no sentido de enfatizar o romance.
Curiosidades: A seqüência do sonho foi criada pelo famoso artista plástico surrealista Salvador Dali. O filme traz uma pequena participação da atriz Rhonda Fleming, como Mary Carmichael, uma paciente da Clínica Psiquiátrica, que diz odiar os homens – ela depois passou a atuar em comédias e em westerns, dos quais um dos mais famosos foi “Gunfight at the O.K. Corral” (1957), ao lado de Burt Lancaster e Kirk Douglas. A tradicional aparição de Hitchcock em seus filmes ocorre, aqui, aos 40 minutos de projeção, quando ele sai do elevador do Empire Hotel, fumando um cigarro e trazendo na mão uma caixa de violino. Ingrid Bergman, voltaria a trabalhar com o diretor em “Notorious” (1946); e Gregory Peck, estaria em outro filme de Hitchcock: “The Paradine Case” (1948)
A edição nacional em DVD, pela Continental Home Video, traz o filme com imagem em preto-e-branco e formato fullscreen (originais da época) e áudio Dolby Digital em inglês. Inclui biografia e filmografia de Alfred Hitchcock, Ingrid Bergman e Gregory Peck, fotografias raras e pôsteres. 110 minutos.
Boa crítica. Esse filme merece melhores notas dos editores 😢