Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado
Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado (2007)
“Tudo que você conhece, está para acabar...”
Nos anos 2000 uma ocorreu uma revolução no mundo cinematográfico, os filmes de super-heróis, que apesar do sucesso dos filmes do Batman e do Superman nas décadas anteriores, eram artigos raros, se tornam um subgênero tremendamente popular, e fonte de renda milionária para grandes estúdios.
E grande parte desta revolução é de responsabilidade dos filmes baseados nos personagens da Editora Marvel, de onde saíram duas das mais bem sucedidas cines-série desta década, Homem-Aranha e X-men, e que impulsionaram o lançamento de diversos outros exemplares do gênero, como o primeiro Quarteto Fantástico (2005).
O grande problema é que, ao contrario dos filmes da equipe mutante e do cabeça-de-teia lançados até então, Quarteto Fantástico foi um equivoco imenso. Enquanto os primeiros eram aclamados pela critica, graças a narrativas bem estruturadas e personagens interessantes, e faziam imenso sucesso de publico, o filme do Quarteto apesar do relativo sucesso, foi massacrado tanto por publico quanto crítica, que não viam nada dos elementos dos quadrinhos de Stan Lee na obra cinematográfica.
Mas, logo foi anunciada a continuação da historia, os fãs se encheram de expectativas de verem os erros do primeiro filmes corrigidos e esperaram finalmente ver uma aventura decente dos quatro heróis na telona, e essa expectativa só aumentou quando foi anunciada a inclusão de um novo personagem no universo do file: o Surfista Prateado, um dos mais complexos e bem desenvolvidos personagens do mundo dos quadrinhos.
Mas, essa expectativa foi novamente suplantada ante a estréia de Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado, filme que apresenta um número de equívocos tão grande quanto o primeiro longa e, apenas alguns ocasionais acertos.
A trama gira em torno da chegada do Surfista (voz de Laurence Fishburne e corpo de Doug Jones) à Terra, que anuncia a subseqüente vinda de Galactus, o devorador de mundos, que, como sugere o nome, virá literalmente devorar nosso planeta. Então, lá vão os quatro heróis lidar com a ameaça eminente do Surfista enquanto lidam com seus próprios problemas (e que problemas, vejam só, o grande revés do casal Sue e Richard é precisarem lidar com a fama enquanto buscam um casamento tranqüilo).
O grande acerto do filem reside na figura do Surfista Prateado: criado por efeitos especiais sensacionais, supervisionados pela equipe da WETA Digital, de Peter Jackson (empresa responsável entre outros, pela trilogia do Senhor dos anéis e King Kong), o Surfista surge como um ser cósmico cercado de uma aura misteriosa e imponente. Marcado por ser obrigado a servir de arauto para Galactus, visando proteger a vida de sua família e seu planeta, o Surfista não é um ser maldoso, mas, pela proteção de sua raça e família, se submete a atrocidades com outros planetas.
Porém, no Surfista também reside um dos maiores erros da produção, já que, apesar de todo o potencial do personagem, ele não passa de uma bela criação digital, pois, não encontra a complexidade que exibia nas histórias em quadrinhos. Não existe aqui nem ao menos um sinal dos dilemas morais enfrentados pelo protagonista nos gibis de Stan Lee, na verdade, quando este se põe a enfrentar Galactus ao final do longa, o que parece para nós espectadores é que o Surfista simplesmente pensou “olha, o que estou fazendo é errado, acho que é hora de parar”, tamanha a artificialidade do roteiro.
E o que falar do retorno do Dr. Destino (Julian McMahon), possivelmente o personagem mais subaproveitado em filme de super-heróis até hoje? De super-vilão dos quadrinhos, passou a um personagem mal aproveitado em não só um, mas, DOIS filmes, ao final de Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado, é bem provável que o espectador nem se lembre da presença do Dr.
E se o Dr. Destino é mal aproveitado, o que dizer então de Galactus, uma das criaturas mais poderosas de todo universo Marvel, aqui se resume a uma nuvem de trovoadas. As batalhas épicas travadas contra este nas historias em quadrinhos, aqui se torna uma cena anticlimática de poucos minutos. Decepcionante para dizer o mínimo.
Mas, o que esperar de um filme onde os próprios protagonistas são aborrecidos? O Sr Fantástico (Ioan Gruffudd, terrível), apesar de ser o cientista mais inteligente do mundo, estar para casar com uma mulher linda, e liderar um grupo de super-heróis, surge sempre com a mesma cara de pateta aborrecido. A mulher Invisível (Jessica Alba, que compensa toda a beleza com falta de talento para atuar), surge como uma mulher egoísta, que, coloca a vontade de se casar com o Sr. Fantástico a frente de tudo,não me surpreenderia vê-la pedir para os vilões darem uma pausa na destruição para ela casar-se em paz. E se o Coisa (Michael Chiklis, coberto por uma maquiagem que jamais convence da forma esperada), surge como o personagem mais interessante do Quarteto (e isso lá significa muita coisa num filme desses?), o Tocha Humana (Chris Evans, insuportável) possivelmente representa um dos mais irritantes personagens da historia da humanidade, com suas insistentes piadinhas, que em nenhum momento esboçam a mínima graça.
No fim, o que salva o filme de um desastre completo acaba sendo unicamente o trabalho da WETA nos efeitos especiais e cenas de ação (em especial a ótima seqüência da chegada do Surfista na Terra), que apesar de não serem grandes maravilhas, são sempre ao menos competentes, o que, convenhamos não significa absolutamente nada, a não ser que os outros envolvidos são incompetentes.
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