"DEUS DEVE MESMO ADORAR GENTE INSANA, POIS ELE FAZ TANTAS DELAS!"
Tolo quem acreditava que depois do astronômico sucesso de Rambo II - A Missão, uma terceira parte tardaria a chegar nas telonas do mundo à fora. Os produtores dos dois filmes anteriores, Mario Kassar e Andrew Vajna, apeoveitaram o sucesso da campanha de reconstrução militar de Ronald Reagan e a associação imediata do personagem à eficiência e determinação do soldado americano e o utilizaram como meio de influenciar a opinião pública em meio a um conflito envolvendo um desconhecido e ignorado país que, anos mais tarde, marcaria para sempre a história da humanidade e, principalmente, dos E.U.A.: o Afeganistão.
No auge de sua forma física, Sylvester Stallone revive seu consagrado personagem numa missão de resgate ao seu estimado Coronel Trautman (novamente interpretado pelo competente Richard Creena) - que finalmente entra em ação - que se encontra refém de, advinhem...soldados russos que ameaçam o nobre e valente povo afegão. Como os americanos são bonzinhos e muito camaradas, sempre ajudando sem pedir nada em troca, Rambo não só pretende salvar Trautman, como também chutar umas bundovskys. Pode-se notar uma propaganda muito forte para aproximar americanos e afegãos, pois boa parte do filme segue Rambo com um guia local, conhecendo os costumes, as tradições, a situação e tudo mais sobre aquele povo. Ora, até de um esporte antigo ele participa e faz amizade com um garotinho! Tudo é arquitetado para que, mesmo com Rambo repetindo a toda hora que aquela não é sua guerra e que ele só quer resgatar seu amigo, não deixemos de perceber que o personagem começa a estabelecer vínculos com todos ao seu redor. O filme até encerra-se com o seguinte letreiro: "Este filme é dedicado ao povo do afeganistão."!!
Mas falando do filme Rambo III, aqui tudo é mais exagerado - chegando ao ponto de, em uma cena, Trautman e Rambo, sozinhos, abrirem fogo contra um exército russo equipados com tanques e helicópteros!!! -, mais absurdo e forçado. Rambo entra, mata e sai de onde quer, como quer e a hora que quer. O diretor Peter McDonald (que foi diretor assistente em Rambo II) não economiza no conceito "exército de um homem só" e guarda mortes violentas para os inimigos do protagonista - pra se ter uma idéia, um deles é enforcado e explodido ao mesmo tempo! - e mostra Rambo com habilidades até então desconhecidas, como cautetizar um ferimento usando a pólvora de um projétil e lutando em uma arena clandestina.
Após os primeiros diálogos do filme, tem-se a sensação de que o ciclo do personagem seria encerrado ao final do filme, mas esta expectativa cai por terra quando os créditos sobem logo após o término da missão, como nos outros filmes. Pelo menos, ouvir a música de Jerry Goldsmith é sempre bom.
Rambo III pode ser considerado o mais fraco dos quatro filmes sobre o personagem, por não acertar no tom do desleixo histórico e ideológico como no seu antecessor e nem se preocupar em encerrar a série satisfatoriamente. Mas, como quase tudo feito nos anos 80, funciona absurdamente bem como entretenimento descompromissado e passageiro. Quem não gostou do segundo, provavelmente não se contentará com este também. Mas pra quem só busca uma hora e meia de ação de primeira, não há do que reclamar.
O povo Afeganistão continua heroico, o que mudou foram os vilões, de russos para americanos...
😈