Em 2008 o mundo presenciou o retorno de um dos personagens mais simbólicos dos EUA: Rambo. O personagem, criado por David Morrell em sua obra publicada em 1972: "First Blood" e lançado em 1982 nos cinemas, tendo acarretado mais duas continuações, em 1985 e 1988, estritamente comerciais, tornou-se um símbolo patriota único nos anos 80, que transformaram sua imagem na expressão do governo norte-americano.
O primeiro filme, baseado na obra de Morrell, mostra um ex-soldado, que após a Guerra do Vietnã, vive desiludido com o mundo, onde os cívis o acusam das mais variadas atrocidades, onde o roteiro explora muito bem sua personalidade e sua mente pertubada. Já na segunda parte, o filme que mais arrecadou da série, a postura do roteiro avançou, não se restringindo a apenas explorar a mente de Rambo, ou as relações sociais que o cercam. Desta vez, o homem torna-se Herói norte-americano, onde o mesmo parte mais uma vez para o Vietnã em uma nova missão. A mensagem que é transmitida, é que desta vez, Jhon Rambo (leia-se os EUA), venceram a guerra. O terceiro filme já ultrapassa os limites do personagem, onde após os 2 primeiros filmes Rambo conseguiu se recuperar e vencer a guerra do Vietnã, que outrora perdera. Agora o personagem auxilia o Afeganistão contra os soviéticos. Triste ironia, tendo em vista que anos mais tarde, os mesmos atacariam os EUA, em atentados terroristas que abalariam o planeta.
Stallone, após uma série de produções fracas e sem sucesso, resolveu revisitar seus personagens de maiores sucessos nos cinemas. Após Balboa, em 2006, chegava a vez de Jhon Rambo em 2008. O personagem, movido pelo grande carisma de uma geração passada inteira, agora tinha como objetivo alcançar as novas gerações, e apresentar o personagem a novas eras. Após a trilogia dos anos 80, Rambo tornou-se algo bem maior do que fora planejado em seu primeiro filme. Os genocídios promovidos pelo herói passaram a ser justificados por sua postura política, onde foi sua imagem foi consolidada como defensor de sua pátria.
Em Rambo IV, vemos um herói já de idade, mas totalmente em forma. O personagem corre bastante durante toda a projeção, mata os inimigos (Aqui mais esteriotipados do que nunca), salta, grita, atira e tudo mais. Tudo o que fora mostrado nos longas passados, aqui existe de forma maior. A violência mostrado em tela é algo elevado, tornando-se com certeza, o filme mais violento da série, conseguindo de forma incrível ultrapassar o terceiro episódio.
Desta vez, a ação se passa na Birmânia, onde o palco é uma guerra civil que já dura décadas, e Rambo mais uma vez se envolverá. O roteiro é um dos mais prevísiveis da série. A forma como é apresentada o grupo de missionários no início, pedindo ajuda ao guerreiro, e logo em seguida, Rambo se interagindo com o grupo, principalmente após este ser alvejado pelos inimigos, é bem parecido com o que foi mostrado na terceira parte. Passando este período, tudo torna-se maior e mais denso. As cenas chocam em vários momentos. A direção é precisa em mostrar os ataques, proporcionando verossímilhança a trama.
Como muitos falaram, eu acredito que as cenas de guerra não sejam gratuitas. Tudo aquilo tinha de ser mostrado, daquela forma, para que a história se tornasse mais real o possível, facilitando ainda mais o nosso apreço com Rambo e o que está fazendo para mudar aquela triste realidade. Claro que, se tratando de um filme de Rambo as coisas são realizadas das formas mais fantasiosas possível, mas é ai que encontra-se a diversão.
Os inimigos deste filme, são mostrados de forma idêntica aos filmes anteriores, em especial o segundo capítulo, onde são explorados como bêbados, extremamente mal caráter, ruins de pontaria, quando estes lutam contra nosso herói, claro, e acima de tudo, com os elementos primordiais de vilões: A ruindade exalando pelos póros!! A forma como é mostrada os vilões, suas atitudes, as cenas chocantes dos conflitos, tudo isto é mais do que suficiente para se criar um clima fantástico a trama. Quando Rambo aparece em tela, salvando seus companheiros, o público vai ao delírio, tendo em vista que o personagem representa simbólicamente o salvador da pátria, sendo carregado de elementos que entram em confronto com o resto dos personagens. Digamos que sua pessoa é maior que os demais. A imagem do guerreiro é superior aos demais personagens.
A trilha sonora, a mesma dos demais filmes, marca presença novamente, continuando belíssima e marcante. A música auxilia o personagem, é como se fosse uma força a mais a seu favor. Sua imagem é maior com a trilha em tela tornando seus atos mais heróicos do que nunca. A direção de Stallone está bastante segura, com poucos errros, deixando seus personagens contracenarem ao lado de altas doses de tensão e ação! O roteiro poderia ter sido melhor explorado, pois fica uma impressão que a ação que passa na tela está desde o príncipio programada. Em nenhum momento você tem aquela sensação de que o herói vá falhar em sua missão, mas é onde as cenas de guerra encobrem estas falhas, criando uma tensão desenfreada, que nos 'eaquecemos' de alguns detalhes. Sem dúvida o desfecho do filme, com Rambo ao seu melhor estilo, massacrando todos os inimigos com uma metralhadora é um dos melhores momentos da trilogia, em cenas de guerra. Embora a sua relação com os mocinhos não seja em nenhum momento explorada ou aprofundada melhor, Rambo está ali para salvá-los.
O filme vale mais a pena para os fãs antigos e saudosistas do que para a nova geração. Os elementos mostrados aqui já foram abordados inúmeras vezes por filmes e séries recentes, embora em menor escala, pois sem dúvida este é um dos filmes mais violentos da história do cinema. Vale como grande diversão para quem se acostumou a ver um guerreiro, que luta sozinho contra exércitos inteiros e se sagra vitorioso. Claro que Rambo funciona melhor em sua década de 80, com todos os exageros e extravagâncias da época, porém é uma grande experiência presenciar mais um episódio deste ícone da cultura americana.
Eu dou + Meio ponto pra este...