"VIVER POR NADA OU MORRER POR ALGO. A ESCOLHA É SUA."
20 anos haviam se passado desde a última imagem de John Rambo nos cinemas. De certa forma, o "fim" da Guerra Fria colocou os consagrados heróis oitentistas que tanto sangue derramaram em nome da paz, da liberdade e da democracia na geladeira. Nos anos 90, esse modelo de personagem fora moldado. Os maiores expoentes do cinema de ação da década anterior (Schwarzenegger, Van Dame, Lundgren, Seagal e o próprio Stallone) acabaram por encorporar novos tipos de heróis no cinema (policiais, bombeiros, lutadores, etc). Com a virada do milênio e os ataques de 11 de Setembro, um novo tipo de herói começava a ser imposto pela indústria. Personagens de caráter inabalável, honrados, que primavam pela paz e pela vida em filmes cada vez mais açucarados chegavam aos montes semanalmente ao nosso conhecimento. Assim sendo, John Rambo, assim como boa parte dos personagens daquela época, havia se tornado obsoleto.
Porém, esse tipo de abordagem covarde e macia nunca convenceu o grande público e a saturação veio numa velocidade assustadora. O cinema de ação se viu renegado às locadoras. Os grandes astros não se enquadravam nesta nova filosofia - e nós não conseguíamos associá-los a esta imagem. Os novos nomes, vindos de todas as áreas possíveis e imagináveis, não implacavam de jeito nenhum. Demorou até alguém perceber que o público queria mesmo era seus velhos brutamontes de volta. Velhos mesmo. E após o excelente retorno de Rocky Balboa em 2006, dois anos depois era a vez de Sly reviver seus bons tempos de matança desenfreada com Rambo IV (John Rambo, 2008). E no balanço geral, pode-se afirmar ser este outro belo retorno.
Rambo IV parece ter sentido esse tempo de inatividade e chega mais sedento por sengue do que nunca. De fato, a violência explícita - tão criticada na época e que ainda hoje choca - não é para todos. O elevado número de mortes hediondas, inclusive de mulheres e crianças (numa cena uma criança de colo é arremessada numa fogueira), decaptações e mutilações, explosões, víceras expostas, carbonizações e tudo mais, supera a média da maioria dos filmes de ação ou mesmo terror, não só de hoje, mas de todos os tempos. Isso tudo é gratuito? Ao meo ver, não. Rambo IV se passa na Birmânia, na fronteira com a Tailândia, onde ocorre uma das mais antigas e cruéis guerras civis de todos os tempos. Portanto, era preciso mostrar com o máximo de crueza e realidade aquele contexto e, assim, justificar quase que sadicamente as atrocidades que serão cometidas contra os vilões - e serão mesmo.
Embora de maneira tímida, Rambo IV faz aquilo que os dois filmes anteriores sequer esboçaram, que é trabalhar um pouco mais o personagem. Há alguns flashs dos filmes da década de 80 e Rambo se mostra mais amargurado e descrente. Aqui também há a primeira menção a família de Rambo, que até então parecia ser filho da guerra. Porém, Sly compreende que este não é o momento para um estudo do personagem (se nada foi feito nos 30 anos que se passaram, não seria agora) e, apoiando-se na curta duração do filme (90min) o roteiro não perde tempo em partir para a ação. Dessa vez, Rambo não está sozinho, pois apesar da ótima forma de Stallone para que as cenas de ação parecem críveis, os tempos mudaram. Desta vez, John Rambo se vê obrigado a trabalhar com um grupo de mercenários para resgatar uns missionários babacas que dão a maior vontade de vê-los morrer.
Brian Tyler (responsável pela trilha da franquia Os Mercenários) utiliza muito bem a trilha do filme original, mesclando-a com temas novos. E este uso da trilha clássica na cena final do filme faz um link muito bacana com o filme de 82, com Rambo "voltando para casa", como que fechando seus ciclo (frase dita no terceiro filme), embora eu não duvide que um outro filme sobre o personagem seja produzido - mesmo que venha a ser desnecessário. John Rambo é um símbolo, um ícone, uma bandeira, e merece uma despedida digna como sua estréia. Mas se esta não vier, Rambo IV terá feito bem este papel.
Subestimado.
Concordo, Victor. Acho que este empata com o segundo, Marcos.
Valeu, gurizada!!!!
No mesmo nível do II/III. Lixão. Alguns pontos e o final (A única coisa perto de dar um rumo satisfatória ao personagem desde a abertura do III) podem até amenizar, mas o resultado ainda é uma bobagem eventualmente monótona. Sim, porque boa Ação não se faz só com tiros, violência e pretensa agitação...
Acho que a coisa nem é essa.