Contextualizando as problemáticas de mais um homem do oeste, protagonizado novamente por James Stewart, em meio à corrida do ouro e estabelecimento da sociedade organizada e a adaptação da população à divisão dos afazeres e a cooperação geral, Anthony Mann já registra sua mais contundente característica nesta obra tão pouco lembrada em meio a sua filmografia exuberante, e tal termo se emprega também a seu domínio da imagem, fazendo novamente da natureza um organismo vivo em seu filme.
A narrativa acompanha Jeff Webster (Stewart), curiosamente de índole duvidosa – ‘’Ele é acusado de assassinato em Seattle! / Seattle terá que esperar, aqui ele interrompeu uma execução!’’ - que junto a seu parceiro Ben (o engraçadíssimo Walter Brennan), pensa em conseguir dinheiro e ir para Utah construir uma fazenda e se acalmar, o sonho de vida já estabelecido há tanto tempo na sociedade. Com a polícia no encalço Jeff tenta dinheiro com o gado, mas as dificuldades começam a surgir, conhece então a Sra. Castle, que lhe ajuda e contrata como guia pela fronteira em troca de mantimentos, devido ao pagamento ele aceita.
Surge em cena a paisagem das montanhas que se aproximam do inverno na região próxima ao Canadá, cobertas de neve, que só se compara à frieza impiedosa de Jeff, que só é tocado e obrigado a ajudar com a insistência consciente do parceiro, após uma das mais belas cenas de Mann, uma avalanche violenta sobre o grupo guiado por Jeff, e que propositalmente nada alertou sobre os perigos do local. Logo depois da hora máxima da natureza no filme, mostrando que deve ser respeitada, são apresentados os interesses amorosos sobre Jeff, de uma mulher madura e agressiva (a Sra. Castle) e uma jovem de bom coração que só que mostrar seu valor.
Após dias de viagem e se prepararem com a violência que resiste e permanece mesmo com o progresso social e do tempo, ainda amedronta e ameaça, chegam a um povoado que está sendo erguido, com dificuldades. Logo o povo se depara com selvageria que já oferece concorrência, configurada pela Sra. Castle, que logo compra o gado de Jeff superando as ofertas locais, afinal, quem paga mais, leva. Surge então o ouro e seus predadores, sonhando com a mudança de vida, a corrida do ouro começa violentamente. E com as oportunidades de progresso as poucas pessoas do local se organizam bem no tipo, você faz isso, você faz aquilo. Mas Jeff não se compromete e recusa se meter com o povoado e colaborar, só quer seu dinheiro e sair dalí.
No fim ao ter seu amigo morto por um grupo que deseja lhe roubar (o violência se configura novamente em meio o progresso), sua raiva fala mais alto que sua consciência grupal, ele decide encorajar a população (maior número, a massa) a enfrentar os mais fortes (menor número) e numa cena emblemática, no fim, acabam vencendo pela cooperação.
Cada segundo de Região do Ódio (Far Country) tem seu sentido, Anthony Mann era um dos cineastas mais consciente e engajados de sua época e sabia o que fazia como ninguém, seja em relação a linguagem cinematográfica, seja situando seus espectadores no país em que viviam.
Filme excelente, temos um Stewart frio demais ! mas que vez ou outra tinha alguma pequena recaída !
Stewart realmente voraz, texto fantástico... Assim como o filme!
Ainda to devendo esse, tem cara de filmaço. Anthony Mann é um dos grandes gênios do gênero.