A CONCEPÇÃO DO FRACASSO
Thrilers investigativos sempre despertaram meu interesse. Mesmo que muitas vezes estes filmes se mostrem demasiadamente forçados e previsíveis, sempre dou um voto de confiança e uma esperançosa conferida. Este tipo de filme - salvo agradáveis exceções - ou parte de uma premissa interessante ou possuem uma condução diferenciada. No caso de Relações Criminosas, a premissa é até interessante, mas sua execução e resolução são extremamente falhas.
A impressão que o inexperiente diretor Rich Cowan passa é de que nào compreendeu nada do roteiro do também inexperiente Steve Anderson. Este, por sua vez, parece incapaz de amarrar todas as pontas de seu próprio argumento, não conseguindo responder a maioria das perguntas levantadas por ele mesmo logo nos primeiros minutos de filme. Deste modo, diretor e roteirista afundam junto com o elenco, que nada consegue extrair de um contingente de personagens mal trabalhados e imerso em situações confusas e desconexas.
A trama gira em torno do detetive Jack Verdon (Ray Liotta) que se vê como principal suspeito de uma série de assassinatos de mulheres com quem se relacionou no passado. Indo cada vez mais a fundo na investigação do caso, os podres da vida amorosa de Jack, sua infidelidade e seus segredos do passado vêm a tona e sua vida se põe de ponta a cabeça.
Contando ainda com nomes como Christian Slater (Tiros, Garotas e Trapaças), Vingh Rhames (Missão Impossível) e Michael Roderick no elenco, Relações Criminosas até começa de maneira interessante, mostrando a descoberta dos primeoros corpos das vítmas no rio - daí o nome original do filme - e a interação de Jack com o pessoal da cidade. Até aí, tudo transcorre razoavelmente bem. Os problemas não só começam, como também se intensificam à medida que a investigação avança e questões começam a ser levantadas apenas para serem resolvidas da pior maneira possível. O principal exemplo deste ato falho gravíssimo se dá na mais intrigante pergunta do filme: como o assassino sabe de todas as mulheres com quem Verdon já se relacionou? A resposta dada pelo roteiro é a mais estúpida possível e certamente acarretou num total desanimo da equipe (basta olhar a expressão incrédula de Liotta em um rizível diálogo entre Jack e sua esposa). À medida que o assassino torturava suas vítimas, ele as indagava sobre possíveis parceiras sexuais de Verdon. Mas isso implicava em mais uma brecha para o roteiro: como era possível que todas sabiam com quem Jack já havia dormido? Na impossibilidade de explicar-se plausivelmente, o filme adota uma espécie de lema, repetido mais de uma vez a partir da metade do filme: "as mulheres sabem essas coisas.". Aí fica fácil explicar qualquer coisa! O difícil é engolir essa lorota.
Não bastasse isso, Relações Criminosas aposta no mais esteriotipado tipo de vilão imaginável e traz uma resolução incrivelmente insatisfatória, deixando no ar uma enorme sensação de vazio ao seu final. Os problemas de ritmo são potencializados pela repetição dos ambientes (a casa de Jack, a delegacia, o rio, o bar) e a quase imperceptível trilha sonora. Além da saliente desmotivação e apatia do elenco - por motivos óbvios.
Após ser massacrado pela crítica, Relações Criminosas teve seu lançamento nos cinemas suspenso e saiu diretamente em DVD. Aqui no Brasil o fato se repetiu e o filme passou longe das telonas. Fracasso comercial total, The River Murders sequer pode se dizer injustiçado ou incompreendido, pois seu inssucesso é mais do que justificável.
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